Uma série de investigações e expurgos em alto nível no Exército de Libertação Popular (ELP) da China levantou dúvidas sobre a capacidade do país de atingir suas ambiciosas metas de modernização militar até 2027. O Departamento de Defesa dos EUA, em relatório recente, destacou que os casos de corrupção revelados são “apenas a ponta do iceberg” e podem limitar a habilidade de Beijing de projetar poder militar, especialmente em relação a Taiwan. As informações são do site Business Insider.
Nos últimos 18 meses, ao menos 15 altos oficiais e executivos da indústria de defesa foram demitidos ou presos, incluindo o ex-ministro da Defesa Li Shangfu. Acusações de fraudes relacionadas à construção de silos para mísseis balísticos e à compra de equipamentos militares também colocaram em xeque a eficiência e a integridade do sistema de defesa chinês.

Esses problemas têm raízes profundas. Desde que assumiu o poder, Xi Jinping lidera uma campanha de combate à corrupção que busca tanto eliminar práticas ilícitas quanto garantir a lealdade do ELP ao Partido Comunista Chinês (PCC). No entanto, o ritmo acelerado da modernização militar parece ter alimentado novos casos de corrupção, exacerbando os desafios internos.
“O ELP está se modernizando rapidamente, gastando somas significativas para construir suas forças. Essa pressa cria oportunidades para práticas corruptas,” afirmou Brian Hart, do tgink tank China Power Project. Ele também destacou que os escândalos podem ser reflexos diretos da agressiva expansão militar promovida por Beijing.
Em dezembro, Michael Chase, subsecretário adjunto de Defesa dos EUA, alertou que as investigações sobre corrupção no ELP “apontam para obstáculos reais no cumprimento das metas estabelecidas por Xi Jinping para 2027”. Entre essas metas, está a prontidão total para uma possível invasão ou bloqueio de Taiwan, algo que requer um exército eficiente e tecnologicamente avançado.
Capacidade militar ampliada
Crise à parte, a China continua exibindo sua força militar. Em setembro de 2024, o ELP realizou seu primeiro teste de míssil balístico intercontinental no Pacífico em quatro décadas, demonstrando que, apesar dos desafios internos, sua capacidade bélica permanece significativa.
Porém, a rápida modernização também trouxe à tona problemas estruturais. O Departamento de Defesa dos EUA identificou falhas em silos de mísseis e sistemas de lançamento, além de práticas fraudulentas em programas de aquisição de armamentos. Esses problemas levantam dúvidas sobre a capacidade do ELP de cumprir os prazos de Xi Jinping para se tornar uma força militar de primeira linha.
A comunidade internacional observa com atenção o impacto potencial dessas questões. Enquanto a China mantém exercícios militares frequentes e crescentes no Pacífico Ocidental, aliados dos EUA na região sentem a pressão. A continuidade das investigações e expurgos pode desacelerar os avanços do ELP, mas especialistas acreditam que a determinação de Xi em alcançar suas metas permanece inabalável.
O objetivo final da campanha anticorrupção é garantir que o ELP possa modernizar no cronograma estipulado por Xi. Mesmo com alguns obstáculos, a China já demonstrou avanços substanciais, de acordo com Hart. A dúvida que persiste é se esses esforços serão suficientes para alcançar as capacidades projetadas até 2027.