Corrupção se espalha pelo setor de segurança sob o governo de Xi Jinping na China

Ex-comissário de contraterrorismo é o quarto acusado de receber dinheiro indevido, com os outros três julgados e condenados

O governo da China anunciou na segunda-feira (18) que mais uma importante autoridade de seus setor de segurança está sob suspeita de corrupção. A bola da vez é  Liu Yuejin, que até 2020 ocupou o cargo de primeiro comissário de combate ao terrorismo. As informações são do jornal South China Morning Post.

Oficialmente, Beijing afirmou que Liu é alvo de uma investigação por ter cometido “graves violações da disciplina e da lei” do Partido Comunista Chinês (PCC). Trata-se, porém, do eufemismo habitualmente adotado pelo governo para se referir a casos de corrupção.

O presidente chinês, Xi Jinping: luta contra a corrupção no Partido Comunista (Foto: Divulgação/Kremlin)

A investigação contra Liu se soma a outros episódios que surgiram no setor de segurança pública durante uma grande operação de combate à corrupção realizada pelo governo Xi.

Meng Hongwei, que entre 2016 e 2018 chegou a liderar a Interpol, foi julgado e condenado a 13 anos de prisão por corrupção em 2020. Ele admitiu, em julgamento, que usou as funções exercidas como vice-ministro da Segurança Pública da China para obter propinas que passaram de 14 milhões de yuans (R$ 10 milhões no câmbio atual).

Depois dele, outros dois casos ganharam destaque. Em 2022, Sun Lijun, ex-vice-ministro da Segurança, foi condenado à prisão perpétua, mesmo destino do ex-ministro da Justiça Fu Zhenghua, que no passado foi uma das figuras mais importantes do setor de segurança na China.

Liu também era uma autoridade relevante dentro do governo. Primeira pessoa apontada para atuar como comissário de contraterrorismo, ele assumiu o cargo em 2016, após uma série de atentados extremistas no país.

Militares acusados

Durante o governo de Xi, a corrupção também vem afetando as Forças Armadas, algo que foi destacado inclusive pela a inteligência dos EUA. Autoridades norte-americanas ouvidas pela rede Bloomberg disseram em janeiro deste ano que o problema tem comprometido o processo de modernização do Exército de Libertação Popular (ELP).

As fontes, cujas identidades foram mantidas em sigilo, dizem que o desvio de dinheiro teria levado a situações constrangedoras, como silos de mísseis incapazes de operar em função de componentes carentes de manutenção e foguetes com água misturada ao combustível, o que impediria um eventual lançamento em caso de guerra.

A corrupção teria forçado o presidente a mudar os planos de modernização, colocando o combate aos desvios de dinheiro como prioridade. A avaliação em Washington é a de que qualquer grande ação militar chinesa, como uma eventual invasão de Taiwan, teria que ser adiada por alguns anos devido à situação.

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