Países do G7 manifestam apoio à presença de Taiwan em organizações internacionais 

Membros do bloco afirmaram que "a manutenção da paz e da estabilidade no Estreito de Taiwan é vital para a segurança e prosperidade globais", segundo um comunicado pós-reunião

Os países do G7, formado pelas sete maiores economias do mundo, reafirmaram seu apoio à presença de Taiwan em organizações internacionais. Eles se manifestaram por meio de uma declaração conjunta divulgada na terça-feira (24) após reunião em Nova York, conforme informou o jornal Taiwan News.

Em reunião de alto nível da Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), os ministros das Relações Exteriores de Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Reino Unido, EUA e a União Europeia (UE) elogiaram a participação de Taiwan em organizações internacionais “onde o status de Estado não é exigido e como observador ou convidado, onde for aplicável”.

Os integrantes da cúpula reiteraram que “a manutenção da paz e da estabilidade no Estreito de Taiwan é essencial para a segurança e prosperidade globais”, conforme indicado em um comunicado divulgado após a reunião em Nova York.

Bandeira de Taiwan hasteada (Foto: minsharaclass/Flickr)

O bloco também defendeu uma solução pacífica para as tensões entre as duas margens do Estreito e manifestou apoio à participação significativa de Taiwan em organizações internacionais, segundo o comunicado.

Os representantes das sete economias expressaram preocupação em relação aos acontecimentos nos Mares da China Oriental e Meridional, condenando quaisquer tentativas de mudar unilateralmente a situação atual. O grupo se opôs à militarização e à intimidação exercida pela China no Mar da China Meridional, afirmando que as reivindicações territoriais da China nessa região não têm fundamento legal.

O G7 também destacou que não houve “nenhuma alteração na posição fundamental de seus membros em relação a Taiwan”, reafirmando o compromisso com as políticas estabelecidas da política “Uma Só China”.

Atividades marítimas chinesas

A declaração conjunta sublinhou a relevância da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar  (Unclos, na sigla em inglês), ressaltando seu papel fundamental como base legal para regulamentar atividades marítimas internacionais. O G7 destacou a importância de respeitar essa convenção para garantir a ordem e a estabilidade nos mares, especialmente em áreas de disputa, como o Mar da China Meridional.

Em comunicado emitido à imprensa nesta quinta-feira (26), o Ministério das Relações Exteriores taiwanês agradeceu ao bloco pelo apoio contínuo à participação internacional da ilha e à preservação da paz no Estreito de Taiwan. A pasta afirmou que Taiwan continuará a colaborar com os membros do G7 e outros países com ideias semelhantes para promover a paz, estabilidade e prosperidade globais.

Desde 2021, os líderes do G7 têm destacado a importância de preservar a estabilidade no Estreito de Taiwan em suas declarações conjuntas após as cúpulas, acrescentou o Ministério das Relações Exteriores de Taiwan.

Desde o início da Assembleia Geral da ONU, diversos aliados diplomáticos também se pronunciaram em favor da inclusão de Taiwan no sistema das Nações Unidas.

Por que isso importa?

Taiwan é uma questão territorial sensível para a China, e a queda de braço entre Beijing e o Ocidente por conta da pretensa autonomia da ilha gera um ambiente tenso, com a ameaça crescente de uma invasão pelas forças armadas chinesas a fim de anexar formalmente o território taiwanês.

Nações estrangeiras que tratem a ilha como nação autônoma estão, no entendimento de Beijing, em desacordo com o princípio “Uma Só China“, que também vê Hong Kong como parte da nação chinesa.

Embora não tenha relações diplomáticas formais com Taiwan, assim como a maioria dos demais países, os EUA são o mais importante financiador internacional e principal parceiro militar de Taipé. Tais circunstâncias levaram as relações entre Beijing e Washington a seu pior momento desde 1979, quando os dois países reataram os laços diplomáticos.

A China, em resposta à aproximação entre o rival e a ilha, endureceu a retórica e tem adotado uma postura belicista na tentativa de controlar a situação. Jatos militares chineses passaram a realizar exercícios militares nas regiões limítrofes com Taiwan e habitualmente invadem o espaço aéreo taiwanês, deixando claro que Beijing não aceitará a independência formal do território “sem uma guerra“.

A crise ganhou contornos mais dramáticos após a visita da presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, Nancy Pelosi, à ilha em 2022. Foi a primeira pessoa ocupante do cargo a viajar para Taiwan em 25 anos, atitude que mexeu com os brio de Beijing. Em resposta, o exército da China realizou um de seus maiores exercícios militares no entorno da ilha, com tiros reais e testes de mísseis em seis áreas diferentes.

O treinamento serviu como um bloqueio eficaz, impedindo tanto o transporte marítimo quanto a aviação no entorno da ilha. Assim, voos comerciais tiveram que ser cancelados, e embarcações foram impedidas de navegar por conta da presença militar chinesa.

Desde então, aumentou consideravelmente a expectativa global por uma invasão chinesa. Para alguns especialistas, caso do secretário de Defesa dos EUA Lloyd Austin, o ataque “não é iminente“. Entretanto, o secretário de Estado Antony Blinken afirmou em outubro de 2022 “que Beijing está determinada a buscar a reunificação em um cronograma muito mais rápido”.

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