Em um incidente que reflete a intensificação da repressão na China a vozes dissidentes, um importante economista foi incluído na crescente lista de membros da elite chinesa que desapareceram da esfera pública após fazer críticas a Xi Jinping, segundo reportagem do The Wall Street Journal (WSJ).
Zhu Hengpeng ocupou por dez anos o cargo de vice-diretor no Instituto de Economia da Academia Chinesa de Ciências Sociais (Cass), um centro de pesquisa estatal que responde diretamente ao governo central da China. De acordo com o WSJ, o economista de 55 anos desapareceu pouco depois de questionar a liderança de Xi frente à economia desacelerada da China em um grupo privado no WeChat.
Fontes próximas à situação informaram que Zhu foi alvo de uma investigação, destituído de seus cargos e detido após fazer os comentários. Além disso, seu nome foi removido da lista de funcionários de um think tank vinculado à Universidade Tsinghua, em Beijing. O relatório também indica que sua última aparição pública ocorreu no final de abril.
Desde o sumiço de Zhu, quase nenhuma informação oficial foi divulgada sobre seu paradeiro ou estado. Esse tipo de desaparecimento forçado é uma estratégia frequentemente empregada pelo governo chinês para silenciar críticos e intimidar possíveis dissidentes.
O desaparecimento do economista ocorre em meio ao aumento da repressão de Xi contra críticas ao seu governo e liderança. Um dos casos mais conhecidos é o de Jack Ma, cofundador do Alibaba, que sumiu da vida pública no final de 2020. O bilionário chinês havia entrado em um embate com Beijing por criticar problemas regulatórios e fiscais do país em um fórum em Xangai.
No ano passado, a mídia estatal chinesa anunciou a destituição do ministro da Defesa, general Li Shangfu, que ocupou o cargo por apenas sete meses, sem fornecer explicações ou nomear um sucessor para o cargo. Li, que liderou o principal departamento do Exército de Libertação Popular (ELP) responsável pela aquisição e desenvolvimento de armas, foi alvo de um expurgo militar promovido por Xi por conta de denúncias de corrupção.
Uma reportagem da BBC de fevereiro destacou que membros da elite chinesa, muitos deles do Partido Comunista Chinês (PCC), estão cada vez mais expostos à campanha anticorrupção de Xi. A Comissão Anticorrupção tem o poder de fazer com que pessoas desapareçam, e, embora as famílias devam ser notificadas sobre o paradeiro dos detidos, isso nem sempre acontece.