Explosão em mesquita mata dezenas e deixa mais de cem feridos no Paquistão

Templo fica em um complexo que abriga um quartel da polícia, sendo que muitos agentes de segurança estão entre as vítimas

Uma explosão em uma mesquita da cidade de Peshawar, no noroeste do Paquistão, causou a morte de dezenas de pessoas nesta segunda-feira (30). Além dos mortos, mais de cem pessoas ficaram feridas, segundo informações de autoridades locais reproduzidas pela rede Voice of America (VOA)

Os primeiros relatos falavam em 18 mortos, e menos de uma hora depois já havia a informação de que ao menos 32 pessoas morreram e 140 ficaram feridas. Shafiullah Khan, vice-comissário de polícia, disse que vários feridos foram levados ao hospital em estado grave, o que gera o temor de que o número de vítimas fatais aumente ao longo do dia.

O impacto da explosão foi tamanho que o teto do templo desabou, deixando muitas pessoas sob os escombros. “Estou aqui no local da explosão e supervisionando a operação de resgate. Os escombros estão sendo removidos e acabamos de resgatar dois sobreviventes debaixo dele”, disse Khan à televisão estatal paquistanesa.

Cidade de Peshawar, no noroeste do Paquistão, janeiro de 2008 (Foto: Omer Wazir/Flickr)

O templo fica localizado em um complexo que abriga também um quartel da polícia antiterrorismo da província de Khyber Pakhtunkhwa, perto da fronteira com o Afeganistão. Assim, muitos policiais realizavam as orações no local e estão entre as vítimas.

A explosão teria sido causada por um homem-bomba, embora as autoridades locais afirmem que ainda é preciso fazer mais investigações antes de confirmar essa hipótese.

Através do Twitter, o ex-primeiro-ministro Imran Khan se antecipou à confirmação oficial e disse condenar “veementemente o ataque terrorista à mesquita”. E acrescentou: “Minhas orações e condolências estão com as famílias afetadas. Para lidar com a crescente ameaça do terrorismo, é imperativo que melhoremos nossa inteligência e dotemos nossa força policial com o equipamento necessário”.

Shahbaz Sharif, o atual líder do governo paquistanês, seguiu pelo mesmo caminho e condenou o “ataque suicida à mesquita”, prometendo “ação severa” contra os autores da ação.

Ao menos em um primeiro momento, nenhum grupo assumiu a autoria. Porém, a desconfiança é direcionada ao Tehrik-e Taliban Pakistan (TTP), popularmente conhecido como Taleban do Paquistão e que já foi responsabilizado por ações semelhantes, sendo bastante atuante perto da fronteira afegã.

Por que isso importa?

Embora siga os mesmos preceitos fundamentalistas e seja também um grupo sunita, o Taleban do Paquistão é uma entidade desvinculada do homônimo afegão. Os dois grupos, porém, mantêm boas relações, e Islamabad chegou a usar essa proximidade para negociar com o TTP, tendo os talibãs afegãos como intermediários

Assim, um primeiro cessar-fogo foi firmado em 2021, mas acabou interrompido no dia 10 de dezembro daquele ano, exatamente um mês após ter sido iniciado. Os extremistas do TTP acusaram o governo central de não cumprir as promessas feitas antes do pacto, entre elas a libertação de prisioneiros e a formação de um comitê de negociações.

À época em que aquele cessar-fogo foi estabelecido, o ministro da Informação paquistanês, Fawad Chaudhry, confirmou a influência do Taleban do Afeganistão para que o acerto fosse possível. Mais tarde, em junho de 2022, um novo cessar-fogo foi acordado, sendo mais uma vez rompido pouco depois por decisão dos insurgentes.

A proximidade entre Islamabad e o Taleban afegão sempre incomodou o Ocidente. Depois que os radicais conquistaram Cabul, consequentemente assumindo o governo do Afeganistão, o então premiê paquistanês Imran Khan declarou que o grupo estava “quebrando as correntes da escravidão”, em vídeo reproduzido pelo jornal britânico The Independent.

Ultimamente, porém, essa relação está abalada justamente pela retomada dos ataques por parte do TTP contra agentes estatais paquistaneses. Inclusive, no final de 2022, Islamabad sugeriu a possibilidade de realizar ataques contra esconderijos do Taleban do Paquistão no Afeganistão, alegando que entre sete mil e dez mil combatentes do grupo estejam hoje na região de fronteira com a conivência de Cabul.

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