Desde terça-feira (7), a junta militar de Mianmar e as Forças Armadas da Rússia realizam um exercício conjunto no Mar de Andaman, informou a mídia estatal birmanesa. Este é o primeiro treinamento desse tipo entre os dois países, que ocorre em meio à forte condenação internacional e ao isolamento que ambos enfrentam devido a um golpe e uma invasão não provocada, segundo a rede Radio Free Asia (RFA).
Os exercícios, que envolvem práticas marítimas, estavam previstos para serem concluídos nesta quinta-feira (9). As atividades incluem disparos reais, exercícios subaquáticos, aéreos e de superfície, conforme relatado pelo Global New Light of Myanmar, jornal ligado ao regime.
Três destróieres russos com 800 marinheiros estão participando de exercícios perto de Myeik, na região de Tanintharyi, no sul de Mianmar. Essa área estreita, localizada entre a Tailândia e o Mar de Andaman, é a sede do Comando da Região Costeira da junta.
A junta está promovendo os exercícios militares para tentar mostrar que conta com o respaldo de uma nação influente, explicou à RFA o comentarista político Than Soe Naing. “O governo militar está tentando enganar o mundo, fazendo parecer que conta com apoio internacional e está cooperando com outros países”, afirmou.
A Rússia é um importante apoiador e fornecedor de armas para o governo de Mianmar, estabelecido após o golpe militar que depôs a líder democrática Aung San Suu Kyi em fevereiro de 2021. É uma relação benéfica: enquanto Moscou defende o regime birmanês golpista em fóruns internacionais, em troca, os generais no poder apoiam a agenda de política externa do Kremlin.
O líder da Junta, general Min Aung Hlaing, visitou a Rússia três vezes para adquirir caças a jato modernos, helicópteros e equipamentos militares russos. Além disso, os dois países assinaram um acordo para construir um reator nuclear de pequena escala no pequeno país do sudeste asiático.
Um relatório apresentado na ONU (Organização das Nações Unidas) em maio sugere que a junta militar de Mianmar teria importado “pelo menos US$ 1 bilhão em armas e materiais relacionados de países como Rússia, China, Singapura, Tailândia e outros desde o golpe de fevereiro de 2021.”
Uma parte do equipamento foi usada para “atrocidades” cometidas contra civis, disse o relator independente sobre Mianmar, Tom Andrews.