Protestos populares no Cazaquistão levam o presidente a destituir o governo

Mais de 200 pessoas foram presas desde o início dos atos que questionam a alta dos preços do GLP, amplamente utilizado pelos cazaques

Um grupo de manifestantes invadiu nesta quarta-feira (5) a prefeitura de Almaty, capital econômica do Cazaquistão. O ato marcou o quarto dia de intensos protestos por conta do aumento do preço dos combustíveis no país, informou a agência catari Al Jazeera.

De acordo com o site de notícias local Zakon.kz, parte da multidão estava armada com tacos e barras de metal no momento em que teve acesso ao gabinete do prefeito. Uma transmissão ao vivo feita no Instagram por um blogueiro local registrou um incêndio no interior do escritório, enquanto tiros podiam ser ouvidos nas dependências.

Do lado de fora, a polícia usou granadas de efeito moral e gás lacrimogêneo para tentar conter os ânimos de milhares de pessoas, mas não conseguiu impedir a invasão do prédio público.

Manifestantes em Almaty (Foto: Twitter/Reprodução)

O chefe da polícia de Almaty, Kanat Taimerdenov, atribuiu a culpa pelos protestos a “extremistas e radicais”. Ele relatou que pelo menos 500 civis foram agredidos pelos manifestantes, que ainda são acusados de saquear centenas de empresas.

Segundo a autoridade policial, mais de 200 pessoas foram presas desde o início dos atos que questionam a alta dos preços do gás liquefeito de petróleo (GLP). O combustível é amplamente utilizado no oeste do país, onde muitos cazaques converteram seus carros visando à economia e viram os valores mais do que dobrar nos últimos tempos.

O presidente Kassym-Jomart Tokayev, em um movimento para tentar estancar a crise, destituiu seu governo nesta quarta-feira e declarou estado de emergência em duas regiões, além de decretar toque de recolher e diversas outras restrições. Ele culpou “provocadores estrangeiros” pelos protestos.

Mesmo com a renúncia, todos os ministros serão mantidos em seus cargos até que um novo gabinete seja formado. Não ficou claro se a medida resultaria em mudanças políticas.

Diante da pressão popular, Tokayev ordenou aos governadores provinciais para que restabelecessem os controles de preços do GLP e os ampliassem para gasolina, diesel e outros bens de consumo “socialmente importantes”.

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