Influenciadora chinesa é deportada de Taiwan após apoiar ocupação militar chinesa

Declarações de Liu Zhenya favoráveis à tomada militar chinesa levaram autoridades taiwanesas a ordenarem sua expulsão

A influenciadora digital chinesa Liu Zhenya foi deportada de Taiwan na terça-feira (25) após publicar vídeos apoiando uma possível ocupação militar da ilha pela China. Casada com um taiwanês e mãe de três filhos, Liu havia provocado polêmica ao afirmar que ficaria feliz ao ver a bandeira chinesa hasteada em território taiwanês. As informações são da rede Bloomberg.

“Talvez, quando acordarmos amanhã, a ilha já esteja coberta com bandeiras vermelhas de cinco estrelas, e isso me deixa feliz só de pensar”. A frase, que faz referência à bandeira nacional da China, desencadeou forte reação das autoridades locais, que interpretaram o gesto como um ataque à soberania nacional.

De acordo com o Departamento de Imigração de Taiwan, as declarações da influenciadora foram consideradas uma violação das leis de segurança nacional, justificando a ordem de deportação. É a primeira vez que Taiwan expulsa um cônjuge chinês de um cidadão local por motivos de segurança.

Da esquerda para direita, bandeiras da China, Taiwan e Hong Kong (Foto: Divulgação/Freepik/Patara)

O caso também reacende o debate sobre os limites da liberdade de expressão em Taiwan, uma democracia que busca equilibrar a proteção de direitos fundamentais com a necessidade de combater ameaças de influência externa. Recentemente, o presidente taiwanês Lai Ching-te intensificou as medidas contra espionagem e influência política por parte de Beijing, classificando a China como uma “força hostil estrangeira”.

Liu acumulava mais de 530 mil seguidores na plataforma Douyin, onde costumava compartilhar momentos da vida em Taiwan com os filhos. Após a ordem de deportação, sua família tentou recorrer judicialmente, mas o pedido foi negado sob o argumento de que as declarações da influenciadora colocavam em risco a estabilidade social da ilha.

Em coletiva de imprensa, o primeiro-ministro Cho Jung-tai comentou o episódio: “A liberdade de expressão tem seus limites. Você não pode difamar o país enquanto pede proteção a ele. Destruir o país é um erro”.

Por que isso importa?

Taiwan é uma questão territorial sensível para a China, e a queda de braço entre Beijing e o Ocidente por conta da pretensa autonomia da ilha gera um ambiente tenso, com a ameaça crescente de uma invasão pelas forças armadas chinesas a fim de anexar formalmente o território taiwanês.

Nações estrangeiras que tratem a ilha como nação autônoma estão, no entendimento de Beijing, em desacordo com o princípio “Uma Só China“, que também vê Hong Kong como parte da nação chinesa.

Embora não tenha relações diplomáticas formais com Taiwan, assim como a maioria dos demais países, os EUA são o mais importante financiador internacional e principal parceiro militar de Taipé. Tais circunstâncias levaram as relações entre Beijing e Washington a seu pior momento desde 1979, quando os dois países reataram os laços diplomáticos.

A China, em resposta à aproximação entre o rival e a ilha, endureceu a retórica e tem adotado uma postura belicista na tentativa de controlar a situação. Jatos militares chineses passaram a realizar exercícios militares nas regiões limítrofes com Taiwan e habitualmente invadem o espaço aéreo taiwanês, deixando claro que Beijing não aceitará a independência formal do território “sem uma guerra“.

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