Megabloqueio em Nova Délhi deve marcar 100º dia de protestos na Índia

Milhares de agricultores em protesto ameaçam bloquear rodovia de acesso à capital por cinco horas no sábado (6)

Um grande bloqueio nos arredores da capital da Índia, Nova Délhi, deve marcar o 100º dia de protestos de agricultores neste sábado (6). Milhões de produtores rurais estão parados há meses para reivindicar a revogação de três leis agrícolas propostas em 2020 pelo governo.

Autoridades defendem que as novas regras trarão investimentos para modernizar os mercados agrícolas da Índia. Já os produtores veem uma excessiva dependência das grandes empresas alimentícias, o que minaria sua já difícil negociação com compradores.

Lideranças sindicais dos estados de Punjab, Haryana e Uttar Pradesh disseram à Reuters que planejam interromper todo o tráfego da via expressa que contorna a capital indiana por até cinco horas neste sábado.

“Fazemos isso para que o governo ouça nossas demandas”, disse o porta-voz da coalizão de agricultores SKM (Samyukta Kisan Morcha), Darshan Pal. “As autoridades terão que sentar para conversar conosco novamente”.

As tratativas entre os sindicatos e o governo foram interrompidas após 11 rodadas de negociação, ainda em janeiro. Em 100 dias de protesto, 248 agricultores morreram de frio, de fome ou por violência policial, segundo a Al-Jazeera.

Grande bloqueio deve marcar o 100º dia de protestos na Índia
Agricultores indianos em plenária contra as leis impostas pelo governo da Índia, em Nova Délhi, em registro de 4 de março de 2021 (Foto: Reprodução/Twitter/All India Kisan Sangharsh Coordination Committee)

Modi endurece o tom

Os protestos de agricultores da Índia já se transformaram no maior desafio do primeiro-ministro Narendra Modi, no poder desde 2015. Cortes nas redes de comunicação, repressão do governo e as negativas ao diálogo com os manifestantes chamam atenção em todo o mundo.

Na análise da revista “Foreign Policy”, o governo indiano desequilibrou a situação ao prender jornalistas, acadêmicos, artistas e ativistas tidos como “politicamente delicados”. Modi usou uma lei de sedição, em vigor desde a era colonial, para respaldar as detenções.

Enquanto os protestos avançam, Modi dificulta o acesso do exterior a respeito da situação interna. No dia 1, uma diretriz determinou que todas as reuniões virtuais sobre assuntos que “afetem a segurança nacional da Índia” deverão ter aprovação prévia, noticiou o jornal “The Indian Express”.

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