Microsoft encerra LinkedIn na China devido à crescente censura na Internet

Rede social corporativa era a última plataforma norte-americana ativa no país, após os bloqueios de Twitter e Facebook e a saída do Google

Alegando “ambiente operacional significativamente mais desafiador e maiores requisitos de conformidade”, a Microsoft anunciou que encerrou as atividades do LinkedIn na China nesta quinta-feira (14). A descontinuidade da plataforma é o mais recente episódio da crescente censura à internet no país asiático, informou a rede CNBC.

Após sete anos de funcionamento, a rede social corporativa era a última plataforma de propriedade dos Estados Unidos em operação no país, no qual a censura da Internet é extrema e carrega uma grande variedade de leis e regulamentos, conhecida internacionalmente como “O Grande Firewall da China”. Tanto que Twitter e Facebook estão bloqueados há mais de uma década, e o Google fechou suas portas por lá em 2010.

Em substituição, a Microsoft anunciou que irá focar em novo produto local: o InJobs, um site de busca de empregos que não terá os mesmos recursos de mídia social do LinkedIn, como o feed social no qual os usuários compartilham postagens ou artigos.

Microsoft anunciou que irá lançar um novo produto em substituição ao LinkedIn no país, sem características de rede social (Foto: Unsplash/Divulgação)

O prenúncio do fim surgiu em março, quando um regulador de internet chinês alertou a plataforma para que o conteúdo fosse moderado, determinando prazo de 30 dias, lembrou o jornal The Wall Street Journal na quinta.

Em setembro, alegando “conteúdo proibido”, o LinkedIn bloqueou os perfis de vários jornalistas americanos na China. Contas pessoais de acadêmicos e pesquisadores também foram bloqueados nos últimos meses no país.

Dados da empresa de pesquisas Statista sugerem que a China é o terceiro maior mercado do LinkedIn. Em julho, o CEO da Microsoft, Satya Nadella, disse que a rede social contribui com cerca de US$ 10 bilhões em receita anual. A Microsoft adquiriu o LinkedIn em 2016 por US$ 26,2 bilhões.

Por que isso importa?

O autoritarismo digital é uma das principais assinaturas da repressão na China na segunda década do século XXI. Pelo “Projeto Escudo Dourado”, autoridades do governo não apenas bloqueiam o acesso ao conteúdo dos websites, como também monitoram os internautas. As regras se estendem às corporações estrangeiras: ao fazer negócio no país, uma empresa de tecnologia dos EUA deve cumprir as regras locais – ou sair, como o Google fez em 2010.

Uma investigação indicou que a polícia chinesa emite multas a pessoas e empresas que usam VPNs – programas que ocultam a origem da conexão e permitem acesso a conteúdos vetados em um determinado país.

A proibição tem base em uma lei de 1996, que baniu o uso de ferramentas que contornam a censura. Entre os multados estão usuários que buscaram sites estrangeiros para jogos, apostas e pornografia.

Tentativas de entrar em plataformas proibidas como WhatsApp, Telegram, Twitter, YouTube e Instagram e outras fontes de notícias estrangeiras também geram multa e advertência na China.

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