Após ataque terrorista, Nova Zelândia acelera aprovação de lei mais severa

Ataque em supermercado acelera o processo de aprovação de uma lei que criminalize o ato de planejar um atentado terrorista.

A Nova Zelândia classificou como “ataque terrorista” a ação de um indivíduo que esfaqueou seis pessoas em um supermercado antes de ser morto pela polícia, na última sexta-feira (3). O ataque aconteceu em Auckland, a maior e mais populosa cidade do país, e levou o governo a acelerar o processo para alterar a legislação antiterrorista nacional. As informações são o jornal britânico The Guardian.

Ahamed Aathil Mohamed Samsudeen, de 32 anos, era nascido no Sri Lanka e lutava para manter o status de refugiado no país, o que impedia a deportação dele. Barreiras legais também impediram que ficasse preso até o julgamento do caso, mesmo após a constatação de que tinha ligação com o grupo extremista Estado Islâmico (EI).

Jacinda Ardern, premiê da Nova Zelândia, em trajes muçulmanos numa vigília após ataque a uma mesquita local em 2019 (Foto: appaloosa/Flickr)

Diante da impossibilidade de prender o terrorista, as autoridades impuseram uma severa vigilância que se estendeu por mais de 50 dias e envolveu 30 oficiais de segurança. Mas não bastou para impedir a ação.

No momento do ataque, Samsudeen era observado de perto por um policial à paisana quando entrou em um supermercado, pegou uma faca em uma das prateleiras e atingiu seis pessoas. Ele foi morto a tiros menos de um minuto depois.

O ato, classificado pelo governo como “terrorista”, aumentou o debate em torno da fragilidade da legislação nacional em casos semelhantes, algo que se estendia desde o ataque a uma mesquita na cidade de Christchurch, em março de 2019. O caso do supermercado acelerou o processo de aprovação de uma lei que criminalizaria o simples fato de planejar um ataque terrorista.

“Ainda estamos trabalhando para que essa legislação seja aprovada antes do final do mês”, disse a primeira-ministra Jacinda Ardern. “O que é realmente útil é que já passou por uma consulta pública substancial, então as pessoas já deram sua opinião e não precisamos apressar esse processo. Agora, o que faremos é passar por esse procedimento processual no Parlamento um pouco mais rápido”.

O governo tentou, inclusive, usar a legislação atrelada a doenças mentais para manter Samsudeen fora de circulação. “Mais tarde, fui informado de que as ordens de prevenção não podiam ser usadas e que ele recusou a avaliação psicológica”, disse Ardern.

Por que isso importa?

A pandemia reduziu o número de ataques terroristas em áreas sem conflito, caso da Nova Zelândia, devido a fatores como a redução do número de pessoas em áreas públicas. Em zonas de conflito, ao contrário, os jihadistas ganham força, e isso pode causar um impacto na segurança global conforme as medidas de restrição à circulação são afrouxadas.

Ao passo que as restrições relacionadas à pandemia diminuem, cresce a ameaça de ataques inspirados no EI por atores solitários ou pequenos grupos que foram radicalizados, possivelmente através da internet. O EI também tem fortalecido grupos afiliados regionais, algo bastante comum no continente africano.

No Brasil

Casos mostram que o país é um “porto seguro” para extremistas. Em dezembro de 2013, um levantamento do site The Brazil Business indicava a presença de ao menos sete organizações terroristas no Brasil: Al Qaeda, Jihad Media Battalion, Hezbollah, Hamas, Jihad Islâmica, Al-Gama’a Al-Islamiyya e Grupo Combatente Islâmico Marroquino.

Em 2001, uma investigação da revista VEJA mostrou que 20 membros terroristas de Al-Qaeda, Hamas e Hezbollah viviam no país, disseminando propaganda terrorista, coletando dinheiro, recrutando novos membros e planejando atos violentos.

Em 2016, duas semanas antes do início dos Jogos Olímpicos no Rio, a PF prendeu um grupo jihadista islâmico que planejava atentados semelhantes aos dos Jogos de Munique em 1972. Dez suspeitos de serem aliados ao Estado Islâmico foram presos e dois fugiram. Saiba mais.

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