Má gestão e ações antiterror teriam levado Estado Islâmico a perder muito dinheiro

Apesar do prejuízo, os Estados-Membros do órgão estimam que o EI tenha algo entre US$ 25 milhões e US$ 50 milhões

O Estado Islâmico (EI) teve uma considerável perda financeira nos últimos meses, de acordo com relatório do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas). O documento afirma que as perdas se devem a dois fatores: as operações antiterrorismo no mundo e a má gestão de fundos por parte do grupo. Ainda assim, os Estados-Membros do órgão estimam que o EI tenha “recursos significativos”, algo entre US$ 25 milhões e US$ 50 milhões.

As análises sugerem que a maior parte desse dinheiro esteja no Iraque, tornando a rede do EI na Síria parcialmente dependente de apoio financeiro. “Acredita-se que os combatentes do EI na República Árabe Síria tenham recebido vários milhões de dólares em 2020 do EI no Iraque”, diz o documento.

Insurgentes do Estado Islâmico no deserto de Homs, Síria (Foto: Reprodução/Observatório Sírio de Direitos Humanos)

Em meados de abril de 2021, as autoridades iraquianas anunciaram a descoberta, em Mosul, do equivalente a US$ 1,7 milhão enterrados, em dinheiro, ouro e prata. A descoberta sugere que a verba do grupo jihadista pode ser maior que a imaginada, devido ao dinheiro escondido pelo grupo do qual não se tem conhecimento.

Segundo o relatório da ONU, as maiores despesas do EI são os salários dos combatentes e o sustento das famílias de militantes mortos. Outro gasto considerável é com a libertação de soldados e parentes presos em campos de detenção. Já as principais fontes de arrecadação do grupo são extorsão, sequestro e pilhagem.

Mais fortes na África

Em meio às perdas financeiras dos jihadistas, o EI e a Al-Qaeda tem aumentado sua influência na África nos últimos meses. Novas alianças e uma mudança de estratégia têm assegurado ao grupo jihadista um importante avanço no continente. A milícia tem se fortalecido especialmente na Nigéria, em Moçambique, na RD Congo e no Sahel africano.

Em seus canais de propaganda, os jihadistas constantemente destacam suas conquistas no continente africano como forma de compensar o enfraquecimento em outras regiões.

“Isso é especialmente verdadeiro em partes da África Ocidental e Oriental, onde afiliados de ambos os grupos ostentam ganhos em apoiadores e território sob ameaça, bem como capacidades crescentes em arrecadação de fundos e armas, por exemplo, no uso de drones”, diz o relatório da ONU.

Uma estratégia bastante eficiente é o estabelecimento de governos paralelos por parte da milícia. A ideia é oferecer segurança e serviços básicos à população, aumentando o apoio local e reduzindo a influência de governos nacionais fracos, corruptos e ineficientes.

No Brasil

Casos mostram que o Brasil é um “porto seguro” para extremistas. Em dezembro de 2013, um levantamento do site The Brazil Business indicava a presença de ao menos sete organizações terroristas no Brasil: Al Qaeda, Jihad Media Battalion, Hezbollah, Hamas, Jihad Islâmica, Al-Gama’a Al-Islamiyya e Grupo Combatente Islâmico Marroquino.

Em 2001, uma investigação da revista VEJA mostrou que 20 membros terroristas de Al-Qaeda, Hamas e Hezbollah viviam no país, disseminando propaganda terrorista, coletando dinheiro, recrutando novos membros e planejando atos violentos.

Em 2016, duas semanas antes do início dos Jogos Olímpicos no Rio, a PF prendeu um grupo jihadista islâmico que planejava atentados semelhantes aos dos Jogos de Munique em 1972. Dez suspeitos de serem aliados ao Estado Islâmico foram presos e dois fugiram. Saiba mais.

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