Um acordo firmado entre Armênia e Azerbaijão, intermediado pela Rússia, interrompeu o mais recente conflito na região de Nagorno-Karabakh, no sul do Cáucaso, desencadeado por uma operação militar azeri que teve início na manhã de terça-feira (19), pelo horário de Brasília.

De acordo com a agência Reuters, a proposta feita por Moscou foi prontamente aceita pelas autoridades da autodenominada República de Artsakh, estabelecida por grupos étnicos armênios que reivindicam a região como seu território ancestral.

“As autoridades da República de Artsakh aceitam a proposta do comando do contingente russo de manutenção da paz de cessar fogo”, dizem os armênios. “Com a mediação do comando do contingente de manutenção da paz russo estacionado em Nagorno-Karabakh, foi alcançado um acordo sobre a cessação completa das hostilidades a partir das 13h (5h de Brasília) do dia 20 de setembro de 2023.”

A ação do governo Azerbaijão inclui mísseis, artilharias e drones turcos Bayraktar para bombardear o território ocupado pelos armênios. Baku alega que reagiu a um ataque vindo das montanhas que teria matado um número não especificado de soldados azeris.

Segundo a agência Associated Press (AP), o acordo prevê a retirada das unidades militares da Armênia, cujo governo que chegou a negar que tinha tropas estacionadas na região. Estabelece, ainda, que as forças rebeldes locais deponham suas armas. Na quinta-feira (21) serão abertas negociações para tentar estabelecer reintegração da região ao território do Azerbaijão.

Novo conflito

Nagorno-Karabakh é um território ocupado por uma maioria armênia cristã que declarou independência do Azerbaijão, país majoritariamente muçulmano, desencandeando uma guerra que foi de 1992 a 1994. O conflito causou 30 mil mortes e desalojou centenas de milhares de pessoas, com a reivindicação de independência dos armênios não sendo reconhecida por nenhum país.

Desde 1994, a região é controlada por forças que, segundo o Azerbaijão, incluem tropas fornecidas pela Armênia. Após um cessar-fogo estabelecido com a ajuda de Rússia, EUA e França, um novo conflito armado entre os dois países eclodiu em 2020 e durou 44 dias, com mais 6,5 mil mortos, aproximadamente.

Um novo acordo de paz foi firmado, este mediado pela Rússia, no início de 2021. Mas ele é visto com desconfiança pela população armênia, e o ataque do Azerbaijão na terça gerou o temor de um novo conflito com a Armênia.

O Ministério da Defesa do Azerbaijão afirmou em comunicado que “apenas alvos militares legítimos foram destruídos” usando ataques de precisão. A Armênia, que negava ter forças em Nagorno-Karabakh, alegou que o governo azeri “violou o cessar-fogo ao longo de toda a linha de contato, com ataques de mísseis e artilharia.” As autoridades locais dizem que 32 pessoas, entre elas sete civis, sendo uma criança, morreram. Outras 200 pessoas teriam se ferido, inclusive 11 crianças.