Por que o aumento da imigração para o Japão não tem gerado protestos?

Número de pessoas que vieram de outro país para viver no arquipélago triplicou desde 1990; sobra emprego por lá

O número de imigrantes está crescendo no Japão e tornando o país em um espaço cada vez mais diversificado. Apesar da reputação de homogênea, fechada e xenófoba, a população japonesa tem encarado a mudança sem protestar.

Segundo a revista Foreign Policy, o Japão parece evitar a reação negativa protagonizada pela extrema-direita sobre a migração, que se espalhou pelo Ocidente nos últimos anos.

O Japão, país com população de 126 milhões de pessoas, abriga hoje três milhões de imigrantes, três vezes mais que em 1990. Com a população envelhecendo, as autoridades vem estimulando a chegada de novos moradores.

Incentivo do governo

Em abril do ano passado, o governo implementou uma reforma histórica de migração. Os programas de visto foram expandidos para permitir que mais de 345 mil trabalhadores migrassem para o país.

Os migrantes em busca de se especializar poderão ficar no Japão por um período de cinco anos. Já os trabalhadores mais habilitados terão autorização para permanecer indefinidamente no país, assim como seus familiares.

Com o crescimento da chegada de migrantes desde 2013, a força de trabalho altamente qualificada do Japão será composta por 40% de estrangeiros nos próximos cinco anos, de acordo com a revista.

Enquanto em outras partes do mundo, como Estados Unidos e Europa, migrantes sofrem com o retrocesso populista, os cidadãos japoneses não se opõem à imagem do país cada vez mais heterogênea do país.

Aumento radical de imigrantes no Japão não enfrenta protestos da população
Movimento em uma rua de Tóquio, no Japão (Foto: Pexels)

A situação pode ser justificado pela adoção de argumentos pragmáticos e democráticos do primeiro-ministro Shinzo Abe para justificar a entrada de novos moradores no país.

Enquanto até 2050, a população mundial deve aumentar em 2 bilhões, a do Japão diminuirá pelo menos em 20 milhões. O país tem quase 28% da sua população com mais de 65 anos e a taxa de fertilidade caiu para cerca de 1 filho por mulher.

Nos últimos anos, a taxa de desemprego permanece abaixo dos 3%. Os empregadores reclamam da escassez de mão de obra em território japonês. No ano passado, pela 1ª vez, havia mais empregos disponíveis do que pessoas a procura deles.

Mas a mudança é gradual. Ainda há no Japão situações de xenofobia, retrato de atritos sociais em um país que não se acostumou inteiramente com a diversidade.

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