Governo do Paquistão discute a adoção de medidas duras contra a pesca ilegal no país

Após protestos de pescadores locais, principais alvos dos legisladores são as embarcações estrangeiras que atuam na pesca de arrastão

A questão da pesca ilegal de arrasto na Província do Baluchistão chamou a atenção do governo do Paquistão, após pescadores locais protestarem contra a atuação irregular de pesqueiros estrangeiros. O assunto foi debatido nesta quinta-feira (14) pelo Comitê para Assuntos Marítimos do Senado, que cogita adotar duras medidas restritivas para estancar a ação predatória nas águas locais. As informações são do portal UrduPoint.

Após apresentar dados detalhados sobre a pesca de arrasto por traineiras de fora do país nas fronteiras marítimas do Baluchistão, o secretário do Ministério dos Assuntos Marítimos disse que barcos chineses voltaram a atuar em águas paquistanesas no fim de agosto, levando o órgão governamental a bloquear as atividades dos pesqueiros e das empresas que atuam no setor.

Como providência para impedir a atuação dos arrastões, o Comitê solicitou aos secretários das províncias de Sindh e Baluchistão que proíbam a matéria-prima das redes de pesca utilizadas na atividade. Também foram aprovadas novas regras de pesca de profundidade, um novo sistema de monitoramento será estabelecido para acompanhar a movimentação das embarcações no mar.

Pescadores locais sofrem com a permissividade do governo do Paquistão às traineiras chinesas (Foto: Nasha Ila/Flickr)

O senador Muhammad Tahir Bizenjo relatou ao secretário de Assuntos Marítimos que a questão da pesca ilegal já “se arrasta há muito tempo” e “houve um protesto massivo de pescadores locais”, ato registrado na cidade portuária de Gwadar no final de setembro que amplificou o descontentamento da comunidade em relação aos arrastões. Ele acrescentou que também deveriam ser tomadas “medidas para impedir a pesca de arrasto interprovincial”.

Já o presidente do Comitê, senador Rubina Khalid, questionou se alguma ação vem sendo tomada contra os arrastões ilegais, sendo informado que a violação pode resultar em cinco anos de prisão e multa. Em seguida, ele informou que o Comité do Senado irá visitar ambas as províncias e discutirá detalhes das ações com as autoridades de pesca locais.

De acordo com o Ministério de Assuntos Marítimos, anualmente, cerca de 200 marinheiros treinados se formam na Academia da Marinha do Paquistão.

Por que isso importa?

Pescadores locais têm sofrido com a permissividade do governo federal, principalmente em Gwadar. Em agosto, centenas de pessoas fizeram uma manifestação contra a pesca ilegal, contestando a decisão do premiê Imran Khan, de conceder tal direito às embarcações chinesas.

Não foi a primeira vez que o povo de Gwadar expressou repúdio contra os arrastões chineses. Um mês antes, centenas de trabalhadores do setor pesqueiro, políticos e membros da sociedade civil foram às ruas exigindo o cancelamento das licenças de pesca, de modo a proteger a subsistência dos pescadores locais.

Os manifestantes alegam que o ministro da pesca da província e o governo federal, em vez de apoiar os interesses dos pescadores locais, dão declarações a favor de Beijing. Tal favorecimento teria relação com o projeto do Corredor Econômico China-Paquistão (CPEC), anunciado em 2015 no valor de US$ 60 bilhões de dólares, tendo o Baluchistão como integrante.

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