O ministro da Defesa da China, almirante Dong Jun, está sendo investigado por supostas práticas de corrupção, conforme afirmaram autoridades norte-americanas, marcando mais um escândalo no alto escalão do Exército de Libertação Popular (ELP). Dong assumiu o cargo em dezembro de 2023, após a destituição de seu antecessor pelo mesmo motivo. As informações são do jornal Financial Times.
Dong é o terceiro ministro consecutivo da Defesa da China, em exercício ou aposentado, a ser alvo de investigações por corrupção. Antes dele, o general Li Shangfu foi afastado após sete meses no cargo. O antecessor dele, Wei Fenghe, também enfrentou acusações de corrupção depois de sua aposentadoria.
Os desdobramentos reforçam a campanha de investigações conduzida pelo presidente Xi Jinping no ELP. No entanto, os detalhes das acusações contra Dong ainda não foram divulgados.
“As investigações estão avançando em várias áreas da estrutura militar chinesa, o que inclui figuras de alto escalão”, comentou uma autoridade norte-americana familiarizada com o caso.
Embora o ministro da Defesa seja o representante internacional do ELP, ele não ocupa o papel mais influente no sistema militar chinês, liderado pelos vice-presidentes da Comissão Militar Central. A ausência de Dong na nomeação para essa comissão, no início de 2024, já havia levantado dúvidas sobre sua permanência no cargo.
A investigação em torno da autoridade ocorre em um momento de tensões entre as relações militares de China e Estados Unidos. Recentemente, durante uma reunião de defesa no Laos, Dong se recusou a se encontrar com o secretário de Defesa norte-americano Lloyd Austin, segundo quem a decisão foi “lamentável”.
A recusa foi atribuída por Beijing ao pacote de armas aprovado por Washington para Taiwan, incluindo mísseis avançados terra-ar. Beijing classificou os EUA como “os únicos responsáveis” pelo enfraquecimento do diálogo militar entre os dois países.
O cenário também reflete uma crise mais ampla na liderança chinesa. Nos últimos anos, Xi Jinping destituiu altos comandantes, incluindo os chefes da Força de Foguetes do ELP, responsável pelo programa nuclear do país. Outro episódio notável foi a remoção de Qin Gang, ex-ministro das Relações Exteriores, envolvido em um escândalo pessoal.
Analistas militares ocidentais sugerem que a onda de investigações pode estar abalando a confiança de Xi em sua estrutura militar. Esse contexto alimenta incertezas sobre a capacidade da China de alcançar seu objetivo de desenvolver força suficiente para invadir Taiwan nos próximos anos.