Além de boicotar o aplicativo TikTok e a empresa Huawei, os Estados Unidos impuseram uma sanção aos chips fabricados na China.
Em um documento ao qual o diário britânico “Financial Times” teve acesso, o Departamento de Comércio dos EUA alerta os exportadores norte-americanos sobre o “risco” dos semicondutores chineses serem utilizados para “uso militar”.
Na declaração emitida no último dia 25 de setembro, os EUA determinam que apenas empresas com licenças específicas poderão exportar produtos para a fabricante SMIC (Semiconductor Manufacturing International Corporation), com sede em Xangai.
A mudança dificulta o envio de matéria prima à China – e pode colocar a indústria de semicondutores em risco.
A SMIC representou a maior oferta pública de Beijing em uma década: em fevereiro, a empresa levantou US$ 7,6 bilhões. Com os recursos, Beijing pode se tornar “autossuficiente” em chips.
“Tudo dependerá de como os EUA implementarão a sanção“, disse o chefe de análise de política de tecnologia da Eurasia Group, Paul Triolo.
“Na pior das hipóteses, a SMIC é completamente cortada, o que prejudicaria muito a capacidade da China de produzir chips”. Segundo Triolo, se isso acontecer, as relações China-EUA verão um ponto de inflexão grave.
Impactos globais
Desde o ano passado, a SMIC atendia a cerca de 5% do mercado global de chips. Mesmo que consiga driblar a escassez por alguns meses, pode levar algum tempo até que os concorrentes substituam a empresa no mercado.
Além da SMIC, a sanção também poderá afetar a Qualcomm, fabricante de chips dos EUA que utiliza a tecnologia chinesa. Depois da Huawei, a empresa norte-americana é a segunda maior cliente da SMIC, dizem especialistas.
A SMIC afirmou que não possui qualquer relação “militar” em seus chips. Em retaliação, o Ministério do Comércio da China anunciou medidas para limitar as operações de empresas estrangeiras consideradas “não confiáveis” – entre elas, as que “boicotam ou cortam o financiamento” de fabricantes estrangeiras.