Taleban intensifica arrecadação de fundos meses antes de os EUA deixarem o Afeganistão

Militantes estão cobrando quantia semanal de comerciantes em diversas cidades da província do Baluchistão

O Taleban intensificou sua campanha de arrecadação de fundos no Paquistão, relataram testemunhas à emissora VOA (Voice of America). Os militantes teriam armado “postos de controle” em diversos vilarejos na divisa com o Afeganistão e cobram até 10 mil rúpias – pouco mais de R$ 350 – por semana dos comerciantes locais.

“Eles vêm em motos e pedem contribuições. Dizem que lutam ao lado de Alá”, disse um morador de Duki, cidade do Estado do Baluchistão. “Antes, eles iam a mesquitas. Agora, passaram a abordar lojas”, confirmou um legislador.

Taleban intensifica arrecadação de fundos no Paquistão meses antes da saída dos EUA
Soldados do Afeganistão em ofensiva contra o Taleban na província de Helmand, Afeganistão, em novembro de 2012 (Foto: Divulgação/Al-Jazeera English/Creative Commons)

Segundo ele, a arrecadação do Taleban já acontece em diversos municípios do Paquistão. “Não é segredo. Está acontecendo em Quetta, Kuchlak, Pashtun Abad, Ishaq Abad e Farooqia”, afirmou.

A principal suspeita é de que os recursos sejam destinados ao financiamento da campanha de violência entre Taleban e Cabul meses antes da saída das tropas estrangeiras do Afeganistão.

Na fronteira entre os dois países, o estado de Baluchistão é alvo frequente de militantes extremistas e separatistas que exigem a independência da província. O conflito já transformou a região em um terreno fértil para insurgentes.

Fontes de renda

A arrecadação entre civis não é a única fonte de financiamento do Taleban. Conforme o repórter e analista regional Noor Zaman Achakzai, o grupo fundamentalista islâmico possui inúmeras fontes de renda. “Eles arrecadam o dobro dos impostos arrecadados pelas autoridades afegãs”, disse.

Essas operações incluem contrabando, transporte de petróleo, tráfico de drogas, sequestro, mineração ilegal e armas. O grupo ainda teria recebido uma grande quantia de doações de países islâmicos durante o mês sagrado do Ramadã.

Um relatório publicado pela ONU (Organização das Nações Unidas) em maio de 2020 estimou a receita anual do grupo entre US$ 300 milhões e US$ 1,6 bilhão.

No Brasil

Casos mostram que o país é um “porto seguro” para extremistas. Em dezembro de 2013, um levantamento do site The Brazil Business indicava a presença de ao menos sete organizações terroristas no Brasil: Al Qaeda, Jihad Media Battalion, Hezbollah, Hamas, Jihad Islâmica, Al-Gama’a Al-Islamiyya e Grupo Combatente Islâmico Marroquino. Em 2001, uma investigação da revista VEJA mostrou que 20 membros terroristas de Al-Qaeda, Hamas e Hezbollah viviam no país, disseminando propaganda terrorista, coletando dinheiro, recrutando novos membros e planejando atos violentos. Em 2016, duas semanas antes do início dos Jogos Olímpicos no Rio, a PF prendeu um grupo jihadista islâmico que planejava atentados semelhantes aos dos Jogos de Munique em 1972. Dez suspeitos de serem aliados ao Estado Islâmico foram presos e dois fugiram. Saiba mais.

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