A organização Human Rights Watch denunciou casos de africanos residentes em Cantão, no sul da China, que foram obrigados a realizar testes para o novo coronavírus e expulsos de imóveis alugados, no início de abril.
Muitos proprietários de casas e apartamentos alugados por africanos expulsaram os inquilinos. Os imigrantes tiveram que dormir nas ruas ou pagar por hotéis. Restaurantes e lojas também se recusaram a atender clientes da África.
A Human Rights Watch afirma que, apesar houve determinações de testes e isolamento para todos os estrangeiros, mas as medidas visavam os africanos. Câmeras de vigilância e alarmes teriam sido instalados fora das casas de alguns africanos, instruídos a permanecer em quarentena.
Em outras regiões da China, africanos afirmam terem sido assediados pela polícia e por autoridades locais, além de terem atendimento negado em restaurantes e hospitais.
Governo nega
O governo chinês nega todas as acusações de discriminação e afirmou “rejeitar tratamento diferenciado”. A mídia estatal chinesa também publicou histórias para refutar as críticas de maus-tratos a cidadãos africanos, acusando a “mídia ocidental” de “provocar problemas entre a China e países africanos”.
Dados oficiais apontam que 14 mil africanos vivem em Cantão. No entanto, pesquisadores estimam que outros milhares vivam na região sem documentos.
Diante das acusações, o governo do Quênia anunciou que levaria de volta ao país todos os quenianos que estão presos na China. Nigéria, Uganda e Gana convocaram os embaixadores chineses em seus países como protesto.
Embaixadores de diversos países africanos na China escreveram ao ministro das Relações Exteriores chinês, pedindo que o fim de atos discriminatórios.
Relação entre os países
A China foi responsável por investimentos em países africanos, que impulsionaram a economia da região. Por conta dessas relações econômicas, é incomum que nações africanas critiquem autoridades chinesas pelo tratamento dado aos seus cidadãos na China.
Imigrantes vindos da África há muito sofrem discriminação racial, aponta a Human Rights Watch. A polícia muitas vezes têm os africanos como alvos. Há anúncios de emprego que excluem negros ou estabelecem um salário mais baixo para candidatos africanos.