Uma pesquisa realizada na UE (União Europeia) aponta que quase metade, ou 47% dos entrevistados, classificam como “irrelevante” a atuação dos governos para combater a pandemia do novo coronavírus.
A maioria (63%) disse ainda que a crise de saúde pública os convenceu de que os governos europeus devem cooperar de forma mais estreita em relação à ameaças como a pandemia.
Na Itália, um dos países mais afetados pelo vírus, 63% afirmaram que a União Europeia negligenciou seus cidadãos. Ao serem questionados sobre os maiores aliados da crise no país, 25% citaram a China e apenas 4%, o bloco europeu.
A maioria dos consultados sentiu que o seu país foi abandonado ou disseram não saber quem era o aliado mais útil para enfrentar a crise.
Ainda segundo a pesquisa, 33% afirmaram ter perdido a confiança na capacidade do governo agir, após as medidas adotadas para lidar com a pandemia. Apenas 29% acreditam que a crise prova a necessidade de um maior papel do Estado.
A consulta foi realizada com 10 mil pessoas, por meio de questionário, no final de abril deste ano. Participaram cidadãos de Portugal, Espanha, Itália, França, Alemanha, Dinamarca, Suécia, Polônia e Bulgária.
Popularidade
Apesar dos índices de aprovação dos líderes europeus terem disparado em março deste ano, a situação logo mudou no fim de abril, de acordo com a pesquisa.
Na França, 61% disseram que o governo de Emmanuel Macron tinha tido um desempenho insatisfatório e que se sentiam desiludidos em relação ao papel do governo após a crise.
Na Espanha, 54% se declararam insatisfeitos com a gestão da crise por parte do governo de Pedro Sanchez. Apenas 16% dos italianos viam o partido populista de Matteo Salvini de uma forma mais positiva após o início da pandemia.
Já na Alemanha, a pesquisa encontrou resultados diferentes: 58% dos entrevistados permaneceram com uma visão positiva sobre a liderança de Angela Merkel.
Outras visões
A crise do coronavírus também parece ter mudado a forma como os europeus veem outras partes do mundo: 60% dos entrevistados disseram que sua visão sobre os Estados Unidos piorou.
Já 48% dos europeus declararam que passaram a ver a China de uma forma mais negativa após o início da pandemia.
Ainda segundo a pesquisa, há um apoio generalizado para tornar as fronteiras europeias mais rígidas. Também encontra eco um aumento da capacidade das empresas nacionais para produzir suprimentos necessários em um momento de emergência.
Cidadãos da União Europeia também apontaram desconfiança na visão de especialistas. Para 65%, não há verdade no que eles dizem. A maioria afirma ainda que temem que esses profissionais conspirem para manter informações em segredo.