A pandemia do novo coronavírus foi o ponto mais alto da incerteza dos agentes econômicos em todo o mundo desde 1990, segundo o Índice de Incerteza Global. O dado é calculado com base em informações da The Economist Intelligence Unit, que contempla 143 países.
No primeiro trimestre de 2020, atingiu 55,6 mil pontos – ante 38 mil do pico anterior, no último trimestre de 2012. Naquele ano, o mundo lidava com os efeitos da crise de dívida soberana europeia, que derrubou as economias de Espanha, Grécia, Portugal e Irlanda.
No ano da pandemia, as instituições financeiras internacionais agiram para evitar um efeito dominó na economia. Foram cerca de US$ 240 bilhões em auxílios liberados ao longo de 2020, segundo levantamento do think tank CSIS (Centro para Estudos Estratégicos e Internacionais, em inglês).
Entre essas instituições estão FMI (Fundo Monetário Internacional e, Banco Mundial, além de entidades regionais como o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), BIE (Banco Europeu de Investimento), AsDB (Banco Asiático de Desenvolvimento) e AIIB (Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura).
Mês a mês
O auge da liberação dos recursos foi em maio, com cerca de US$ 74,5 bilhões, quando a escalada da pandemia gerava incerteza inédita nos mercados e nos espaços fiscais dos países. Nos dois meses seguintes, foram concedidos cerca de US$ 30 bilhões cada.
No fim do ano marcado pelo coronavírus, a incerteza estava na faixa de 22 mil pontos, segundo o índice calculado por economistas do FMI e da Universidade de Stanford, nos EUA. Coincide com o mês onde houve menor liberação de recursos: novembro, com US$ 5,1 bilhões.
As Américas receberam a maior parte dos recursos ao longo do ano, ou US$ 92,3 bilhões. Na sequência vem a África, com US$ 48,6 bilhões, Ásia/Oceania (US$ 43,3 bi) e Eurásia (US$ 44,8 bi). Ao Oriente Médio foram enviados US$ 6,2 bilhões.
De todo o montante liberado em 2020, apenas US$ 11,6 bilhões foram destinados a países muito pobres – o valor é de cerca de 5% do total. Já países de renda média alta receberam uma fatia muito mais generosa dos recursos: US$ 84,1 bilhões.
Parte do valor foi destinado à compra de vacinas. São cerca de US$ 23 bilhões empenhados na aquisição dos imunizantes, em iniciativas sobretudo de bancos regionais.
Mas veio do Banco Mundial foi o primeiro e mais significativo aporte: US$ 12 bilhões, para que os países receptores comprem e distribuam as doses.
Entre os órgãos regionais, o maior aporte veio do AsDB (Banco Asiático de Desenvolvimento), com US$ 9 bilhões para a compra de imunizantes que serão distribuídos nos países do continente. Na sequência vem o BID, que empregará US$ 1 bilhão para repasses das vacinas aos países da América Latina e do Caribe.
Cerca de 10% dos valores destinados ao combate do vírus vieram de instituições financeiras criadas na última década. O AIIB, que investe na infraestrutura asiática, foi criado em 2015 e liberou US$ 6,8 bilhões. Já o Novo Banco de Desenvolvimento, conhecido como Banco dos BRICS, de 2014, destinou outros US$ 6 bilhões.