Cartas oficiais obtidas pela Anistia Internacional revelam que o governo do Irã tem ignorado os pedidos de altos funcionários administrativos das prisões locais por mais recursos para lidar com a pandemia do novo coronavírus.
Há uma grave escassez de equipamentos de proteção, produtos desinfetantes e suprimentos médicos essenciais como estetoscópios, desfibriladores e termômetros. A organização teve acesso às correspondências em julho deste ano.
O alto número de unidades de cada equipamento nos pedidos – 100 mil máscaras e 10 milhões de luvas, por exemplo – são evidência da grave situação em prisões por todo o país.

Grupos de direitos humanos com contatos dentro das cadeias relataram mais de 20 casos de mortes suspeitas relacionadas ao Covid-19 em 19 prisões iranianas.
Os conteúdos das cartas contrastam com os elogios de Asghar Jahangir, atual conselheiro do Judiciário e ex-chefe da organização das prisões. As iniciativas para proteger prisioneiros do Irã da pandemia seriam “exemplares”, avaliou Jahangir, em entrevista de abril deste ano.
Desde março, as condições nesses locais e as preocupações com a propagação do vírus levaram a greves de fome, protestos e tumultos. Houve também tentativas de fuga em prisões de todo o país.
As respostas das autoridades têm sido agressivas, com uso de força excessiva ou desnecessária, deixando mortos e feridos.