Concentração de gás carbônico bate recorde apesar do Covid-19

Índice que mede a concentração do gás é o maior desde que agência norte-americana iniciou as medições em 1958

As restrições de circulação e do funcionamento de fábricas após a pandemia do novo coronavírus trouxeram melhora na qualidade do ar. Mas isso não significa que a crise climática esteja diminuindo.

Dados da NOAA (Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos) apontam que os níveis globais de dióxido de carbono estão aumentando de maneira acentuada.

Em abril deste ano, a concentração média de gás carbônico na atmosfera era de 416,21 partes por milhão (ppm). É a maior taxa desde que as medições começaram no Havaí, nos EUA, em 1958.

Registros indicam que tais níveis não são alcançados a pelo menos 800 mil anos, ou seja, nenhum ser humano experimentou níveis tão altos de gás carbônico na atmosfera.

Concentração de gás carbônico bate recorde apesar do Covid-19
Emissão de gases de efeito estufa pode cair até 8% em 2020 (Foto: Jason Nelson/Flickr)

Tendência acelerada

O Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) aponta que a Terra tende a ter maiores concentrações de gás carbônico durante o inverno no hemisfério norte. Isso porque a região tem mais massa de terra do que a porção sul.

Em maio, no final do inverno do hemisfério norte, as concentrações atingem seu pico. Em seguida, a Terra volta a registrar mais atividade fotossintética, diminuindo as concentrações de dióxido de carbono até outubro.

Apesar da curva esperada, a concentração do gás foi maior em abril deste ano em comparação com o mesmo período do ano passado, com um aumento de 2,88 ppm no período. Os gráficos do Pnuma mostram ainda que, durante os anos 1960, a concentração de gás carbônico aumentou em torno de 0,9 ppm em um ano.

Já no período entre 2010 e 2019, o aumento anual foi de 2,4 ppm, o que aponta para uma tendência acelerada para a concentração do dióxido de carbono na atmosfera.

Fatores de aumento

É verdade que o tráfego aéreo e veicular, assim como a atividade industrial, diminuíram durante a pandemia do coronavírus. No entanto, outros fatores impactam a situação climática em todo o mundo.

De acordo com o Pnuma, 64% do fornecimento global de energia elétrica ainda vem de combustíveis fósseis, como carvão, gás e petróleo. Incêndios, que aumentam com as mudanças climáticas, afetam países como Brasil, Honduras, Tailândia e Venezuela e emitem grandes quantidades de gás carbônico.

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