Covid-19 gera produção global 3% menor até pelo menos 2024, estima FMI

Crise legada pelo novo coronavírus deve impulsionar desigualdade e atrasar recuperação de países emergentes

Apesar da perspectiva de retomada econômica, a desigualdade impulsionada pela crise da Covid-19 manterá a produção global até 2024 em patamar até 3% inferior ao de projeções anteriores à pandemia. O dado foi apresentado pela diretora-geral do FMI (Fundo Monetário Internacional), Kristalina Georgieva, nesta terça (6).

Segundo a economista, a crise gerada pela pandemia deve anteceder um grande boom econômico, o maior em mais de meio século. Ainda assim, muitos países – sobretudo as economias emergentes – não devem se beneficiar.

Enquanto os dois maiores mercados globais, China e EUA, se recuperam e expandem suas economias, países emergentes como Brasil, Turquia e Rússia sofrem pressão para aumentar as taxas de juros para conter a inflação e evitar fuga de capital.

Ao contrário da crise financeira de 2008, o baixo espaço fiscal para políticas de auxílio e o lento ritmo de vacinação são os principais desafios do países em desenvolvimento e da UE (União Europeia). A duração da crise tende a agravar tensões políticas em países como Alemanha, Rússia e México.

Com desigualdade, menor produção global segue até 2024, aponta FMI
A diretora-geral do FMI, Kristalina Georgieva, em seminário no encontro anual do órgão em Washington, EUA, abril de 2021 (Foto: FMI/Joshua Roberts)

Desigualdade entre os ricos

Um levantamento da Bloomberg Economics aponta que a expansão comercial dos EUA e da China puxaram o crescimento global para cerca de 1,3% no primeiro trimestre de 2021. Já países como França, Alemanha, Itália, Reino Unido e Japão registraram contração no PIB (Produto Interno Bruto).

Para o ano de 2021, a agência projeta crescimento de 6,9% – o mais acelerado desde 1960. O otimismo reside em um eventual controle do vírus e nos estímulos às economias após a crise que afetou todo o mundo.

Países que dependem do turismo, como o México, e da exportação de commodities, a exemplo do Brasil, devem enfrentar o aprofundamento na desigualdade de renda nos próximos anos. Desde o início de 2020, cerca de 95 milhões de pessoas passaram a viver em pobreza extrema.

“O risco é que uma recuperação desigual aprofunde as divisões internacionais entre ‘vencedores’ e ‘perdedores’ da Covid”, disse o jornalista da Bloomberg Tony Halpin. “Isso só alimentará uma instabilidade que o mundo não pode pagar”. O encontro anual do FMI segue até domingo (11), de forma remota.

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