Mesmo após a pandemia do novo coronavírus ser ligada a uma zoonose, o tradicional mercado Tomohon — na ilha de Sulawesi, na Indonésia — continua comercializando carnes de animais selvagens, como morcegos, ratos, cobras e lagartos. As informações são do jornal norte-americano The New York Times.
O local, também conhecido como o “mercado extremo de Tomohon”, é alvo de críticas há anos, principalmente entre os ativistas do meio ambiente, que pressionam as autoridades a tomarem uma atitude sobre o comércio.
“O mercado é como uma cafeteria de patógenos animais. Consumir animais selvagens é a mesma coisa que brincar com fogo”, afirmou à reportagem o chefe da força tarefa contra o coronavírus na Indonésia, Wiku Adisasmito.
A situação se agrava diante da crença de muitas pessoas de que alguns animais tem propriedades medicinais, incluindo morcegos, ligados pela crença popular à cura da asma. No norte de Sulawesi, carnes de cobra e morcego são encontradas em supermercados devido à popularidade.
Após a pandemia, carnes de javali e porco se tornaram mais populares no mercado de Tomohon, de acordo com um açougueiro ouvido pela reportagem.
Wuhan
O primeiro surto do coronavírus foi ligado a um mercado em Wuhan, na China, onde animais eram mantidos vivos, criando uma oportunidade da transmissão do vírus para os seres humanos.
O vírus SARS, que matou 800 pessoas, também tem sua origem relacionada aos morcegos. O passo seguinte foi contagiar outros animais e se espalhar, também por um mercado de animais selvagens na China.
O país ordenou o fechamento de todos os mercados semelhantes após o surto em Wuhan, em dezembro do ano passado.
Agora, o mercado indonésio é o maior da região que segue vendendo animais selvagens como alimento. Ao todo, a Indonésia tem sete mercados como o de Tomohon.