As medidas de confinamento contra o novo coronavírus se tornaram oportunidade para que grupos armados tomem territórios na Colômbia. O alerta foi feito pelo Acnur (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos) na última sexta (24).
A ação desses grupos inclui ainda ameaças a indígenas, agricultores e líderes sociais. Neste ano, 13 defensores dos direitos humanos já foram assassinados na região colombiana de Cauca, no oeste do país – três deles nos últimos dias.
“A pandemia da Covid-19 e as restrições impostas pelo governo e pelas próprias comunidades parecem ter agravado uma situação já violenta e volátil”, explicou o porta-voz do Acnur no país, Rupert Colville.
O Alto Comissariado registra ainda altos números de ameaças de mortes contra agricultores, povos indígenas e comunidades de descendentes de africanos, semelhantes aos quilombolas brasileiros, que têm respeitado as medidas de isolamento social.
Durante o confinamento, uma criança indígena morreu em Toribio, a cerca de 500 quilômetros de Bogotá, capital da Colômbia, e comunidades rurais de Argelia e El Tambo, distante 700 quilômetros da capital, tiveram que se deslocar.
Pedidos de ajuda
Diante do impacto da pandemia na economia do país, colombianos penduram pedaços de pano vermelho em suas portas para pedir comida e outros produtos essenciais.
Com as medidas de isolamento e fechamento do comércio, muitos trabalhadores perderam seus empregos e agora lutam para sobreviver.
No último dia 7, o governo da Colômbia anunciou que liberaria um auxílio de valor equivalente a US$ 40 para as três milhões de famílias que vivem em situação de extrema pobreza no país. Muitos ainda não receberam a quantia, informou a Al Jazeera.
Os panos colocados nas portas não se limitam à cor vermelha. O fenômeno se espalhou pela cidade e novos pedidos são feitos: preto significa violência e azul, necessidade de assistência médica.
De acordo com dados da OMS (Organização Mundial de Saúde) desta segunda (27), a Colômbia já havia registrado 5,1 mil casos do novo coronavírus e 233 mortes.