Especialistas da ONU exigiriam da Venezuela um plano para solucionar a crise humanitária que assola o país. A demanda, feita na última quarta (6), também envolveu os EUA, a quem pedem o fim das sanções econômicas contra o país.
Assinam o manifesto os relatores especiais Oliver de Schutter, das áreas de pobreza e direitos humanos, Léo Heller, de água e saneamento, e Koumbou Barry, para o direito à educação. Os especialistas relataram “preocupação com a espiral da crise econômica” e seus impactos na capacidade de subsistência da população.
“O governo deve explicar imediatamente como vai ajudar o povo”, afirmaram os enviados da ONU, que também pediram aos EUA para encerrar as sanções a Caracas – estas teriam um “grande impacto nos direitos humanos do povo venezuelano”.
Problemas como a hiperinflação, a escassez de produtos básicos e o colapso no abastecimento de água e energia elétrica são atribuídos às sanções norte-americanas pelo governo do ditador Nicolás Maduro.
Para os especialistas, as evidências indicam que os problemas, acompanhados pelo alto nível de desemprego, são anteriores às restrições de Washington ao regime.
Saúde em colapso
Sem o novo coronavírus, os hospitais venezuelanos já operavam perto do colapso. Há relatos de falta crônica de energia e água, além de medicamentos, equipamentos de proteção individual e insumos médicos.
Os especialistas da ONU alertam para o fato de que mesmo em países ricos, as pessoas mais pobres sofreram gravíssimos impactos com a pandemia. Entre os problemas estão, além da falência do sistema de saúde, o afastamento de crianças das escolas.
“O governo deveria assegurar que as pessoas tenham o apoio que precisam para praticar o distanciamento social em segurança”, afirmaram. Na Venezuela, um em cada três pessoas não conseguem se alimentar de forma adequada, segundo dados deste ano do Programa Mundial de Alimentos da ONU.
Os relatores também alertaram para a falta de liberdade de imprensa no país. Houve prisões de jornalistas, advogados e ativistas dos direitos humanos críticos do governo.