ONU: Há ‘fracasso moral’ e desigualdade na vacinação contra Covid-19, alerta OMS

Até o momento, mais de 39 milhões de doses foram administradas em pelo menos 49 países de alta renda, diz OMS

Este conteúdo foi publicado originalmente na agência ONU News, da Organização das Nações Unidas

O diretor-geral da OMS (Organização Mundial da Saúde), Tedros Ghebreyesus, alertou na segunda-feira (18) para a necessidade de se distribuir a vacina contra a Covid-19 de forma equitativa.   

“O mundo está à beira de um fracasso moral catastrófico e o preço desse fracasso será pago com vidas e meios de subsistência nos países mais pobres”, disse Ghebreyesus em discurso ao Conselho Executivo da OMS.

Até o momento, pelo menos 49 países de alta renda administraram mais de 39 milhões de doses da vacina. Enquanto isso, na Guiné Equatorial, país africano de baixa renda, há registro de distribuição de apenas 25 doses.

ONU: OMS alerta contra 'fracasso moral' da vacinação global à Covid-19
Mulheres aguardam na fila para receber imunização à Covid-19 em distrito de Nova Délhi, na Índia, em janeiro de 2021 (Foto: Unicef/Panjwani)

Ao lembrar as pandemias de HIV e H1N1, Tedros afirma que a comunidade internacional tem a oportunidade de mudar a história desta vez. 

“É certo que todos os governos desejam priorizar a vacinação de seus profissionais de saúde e idosos, mas não é certo que adultos jovens e saudáveis em países ricos recebam a vacina antes de profissionais de saúde e idosos em países mais pobres”, pontuou.

“Haverá vacina suficiente para todos”, garantiu. “Mas agora é o momento de trabalhar de forma global para priorizar os que correm maior risco de doenças graves e morte, em todos os países”.

Solução 

Nos últimos nove meses, o Acelerador ACT e o pilar de vacinas Covax criaram as bases para a distribuição e implantação equitativas de vacinas. 

As iniciativas compraram 2 bilhões de doses, de cinco produtores, e têm opções para adquirir mais 1 bilhão de doses. A OMS pretende iniciar as entregas em fevereiro. 

Tedros afirmou, no entanto, a promessa de acesso equitativo corre sério risco. Alguns países e empresas continuam priorizando negócios bilaterais, elevando os preços.

ONU: OMS alerta contra 'fracasso moral' da vacinação global à Covid-19
Médica é uma das primeiras a receber imunização da Sinovac em hospital de Jakarta, capital da Indonésia, em janeiro de 2021 (Foto: Xinhua/Ye Pingfan)

No ano passado, países assinaram 44 acordos bilaterais e pelo menos 12 já foram firmados este ano. Além disso, a maioria dos fabricantes deu prioridade à aprovação nos países ricos, em vez de enviar dossiês completos à OMS.  

“Projetamos a Covax para, justamente, evitar um mercado caótico, uma resposta descoordenada e uma contínua interrupção social e econômica”, disse Tedros. “É exatamente esse cenário que temos hoje”.

Segundo um estudo recente, a alocação equitativa cria pelo menos US$ 153 bilhões em benefícios econômicos para os 10 maiores países de alta renda. Até 2025, esse valor sobe para US$ 466 bilhões, mais de 12 vezes o custo total do Acelerador ACT. 

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