Governança da África piora pela primeira vez desde 2010, aponta pesquisa

Sudão do Sul, Eritreia e Guiné Equatorial têm piores avaliações; piora vem após erosão de direitos humanos

O desempenho de governança dos países da África piorou pela primeira vez em dez anos. Com base em 54 nações, a pesquisa integra o Índice Ibrahim de Governança Africana, publicado na segunda-feira (16).

Os dados recolhidos em 2019 mostram uma contração de -0,2 pontos em relação a 2018, fator que demonstra uma ampla deterioração em direitos humanos, segurança e Estado de direito.

De acordo com o relatório, o avanço registrado na última década, impulsionado por oportunidades econômicas, agora sofre ameaças com a precarização da segurança e a erosão de políticas de direitos humanos.

Governança da África piora pela primeira vez desde 2010, aponta pesquisa
Mulheres e crianças em acampamento de deslocados no Sudão do Sul, em julho de 2012 (Foto: União Europeia//Malini Morzaria)

A redução gradativa do espaço civil e democrático também preocupa. Em relação à governança da África, a pesquisa aponta para quedas significativas na participação pública e na inclusão em questões de segurança e democracia.

As repúblicas de Maurício, Cabo Verde e Seychelles lideram as melhores classificações da lista. Já o Sudão do Sul, Eritreia e Guiné Equatorial estão entre os países com deterioração mais acentuada.

Perspectiva pós-pandemia

A pesquisa traz dados anteriores ao início da pandemia, mas os índices corroboram a previsão pessimista para o continente, que termina 2020 com golpes de Estado em países como Mali, Costa do Marfim e Guiné.

Rompantes de violência na Nigéria, em Moçambique e na Etiópia também tendem a contrair ainda mais os dados na pesquisa do próximo ano.

Mesmo que a África tenha sido poupada de uma escala maior de contaminações, o novo coronavírus desencadeou uma vasta crise econômica e aprofundou lacunas nos sistemas de saúde africanos.

“Essas questões contribuem para um ambiente democrático em declínio. Tudo isso favorece o aumento da insegurança alimentar, a instabilidade e a violência, inclusive com base no gênero”, pontua o relatório.

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