Resposta da Itália à Covid-19 foi ‘caótica’, diz relatório da OMS

Apagado, documento deveria auxiliar países que ainda não haviam passado pela pandemia no começo do ano

Um relatório da OMS (Organização Mundial da Saúde), publicado em maio, aponta que a resposta da Itália à pandemia de Covid-19 foi “improvisada” e “caótica”. O jornal britânico “Financial Times” teve acesso ao documento, que foi removido do ar.

Segundo especialistas, a abordagem descentralizada de Roma em relação a políticas de saúde pública contribuiu para aumentar o número de casos e mortes na primeira fase da pandemia.

Atrasos em testes e no rastreamento de infecções também prejudicaram os italianos, diz o texto de 102 páginas. “Despreparada para a enxurrada de pacientes graves, a reação inicial dos hospitais foi improvisada, caótica e criativa”.

Resposta da Itália à Covid-19 foi 'caótica', diz relatório da OMS
Agente de saúde coloca uma máscara na pequena Francesa em abrigo comunitário de Roma, Itália, em março de 2020 (Foto: Unicef/Alessio Romenzi)

A Itália foi o primeiro país europeu muito afetado pelo novo coronavírus. Na primeira onda, o número de mortos chegou a 35 mil. A partir de outubro os números voltaram a subir e o país já soma 60 mil óbitos pela doença.

Em rápida escalada, a Itália figura em sexto lugar entre os países com mais contágios por Covid-19 – já são 1,7 milhão, conforme levantamento da Universidade Johns Hopkins, nos EUA.

Relatório foi excluído

Segundo o FT, o Kuwait financiou o relatório da OMS para orientar países ainda sem registros de Covid-19 à época. A agência disse ter removido o documento por “erros factuais” em dados e estatísticas.

Questionado, o principal autor do levantamento, Francisco Zambon, contestou a declaração. “Nunca me informaram das imprecisões e inconsistências do relatório”, disse.

Segundo Zambon, todos os textos da OMS passam por uma rodada de comentários antes da publicação. “O objetivo é garantir a solidez técnica e consistência corporativa do material”.

O responsável pelo plano de resposta a pandemias da Itália teria sido Ranieri Guerra, médico-chefe do Ministério da Saúde entre 2014 e 2017. Guerra é um dos 14 diretores-gerais assistentes da OMS e não quis comentar o assunto.

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