O aumento na demanda de produtos médicos de combate ao novo coronavírus levou ao crescimento no tráfico de mercadorias de baixa qualidade ou com defeitos, de acordo com uma pesquisa da ONU divulgada nesta quarta (8).
Os casos mais comuns envolvem máscaras e roupas de proteção, higienizadores para mãos, kits de testagem, comprimidos do antimalárico cloroquina, equipamentos médicos e termômetros. Também é recorrente a compra de produtos que nunca são entregues e o roubo e venda de dados.
A falsificação desses produtos representa riscos significativos para a saúde pública, por não tratarem adequadamente a doença e facilitarem o desenvolvimento de resistência aos medicamentos, segundo o relatório do Unodc (Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime).
As organizações criminosas têm explorado o medo do vírus e as inconsistências nos mercados regulatórios para vender produtos médicos.
O Unodc prevê uma mudança gradual no comportamento dos grupos criminosos ao longo do curso da pandemia. Com o desenvolvimento de imunizações, é provável que o foco das fraudes mude de contrabando de equipamentos de proteção para o de vacinas.
Casos de fraude
Em um dos casos, as autoridades sanitárias alemãs contrataram duas empresas na Suíça e na Alemanha para adquirir cerca de US$ 16 milhões em máscaras de proteção. O site onde a compra foi feita era clonado de uma empresa aparentemente legítima na Espanha.
O Centro Nacional de Segurança Cibernética do Reino Unido afirmou ter derrubado mais de dois mil esquemas relacionados ao coronavírus somente no mês de março. Foram 471 lojas online vendendo produtos falsificados para os cuidados contra a Covid-19.
Em abril, a polícia francesa derrubou 70 sites falsos que alegavam vender cloroquina. O medicamento chegou a ser testado pela comunidade médica, mas não ofereceu avanços para tratar o novo coronavírus.
Nos EUA, os prejuízos ligados a venda de produtos falsificados chega a US$ 13,4 milhões, entre janeiro e meados de abril. Mais de 18 mil norte-americanos perderam dinheiro com compras do tipo.
Há ainda relatos de fraudes relacionados a ventiladores, roupas de proteção e termômetros fora dos padrões recomendados pelas agências de saúdes de vários países, como Itália e Rússia.