Navalny alega tortura por restrição de sono e pede fim de controles noturnos na prisão

Preso desde janeiro, o principal opositor ao Kremlin é acordado a cada hora após ser considerado de 'alto risco'

O opositor russo Alexei Navalny pediu a um tribunal que suspendesse os controles noturnos na prisão, nesta segunda (31), reportou o diário norte-americano “The Hill”. O político, encarcerado desde janeiro, alega tortura por restrição de sono desde que os agentes passaram a acordá-lo de hora em hora para uma suposta “verificação de segurança”.

Em um apelo por vídeo, da prisão, Navalny afirma não ter dado nenhum motivo para que as autoridades o designem como um risco extremo – motivo que justificaria as verificações.

“Eu só quero que parem de me acordar durante a noite. O que eu fiz? Desenterrei uma passagem subterrânea? Mirei uma pistola para alguém? Expliquem por que sou um prisioneiro de alto risco”, disse, em registro da Associated Press.

Navalny alega tortura por restrição de sono e pede fim de controles noturnos na prisão
O político Alexei Navalny em protesto em Moscou, Rússia, outubro de 2011 (Foto: Divulgação/Mitya Aleshkovsky)

Navalny está preso desde janeiro, quando retornou da Alemanha após cinco meses de recuperação. O opositor foi vítima de uma tentativa de envenenamento por novichok em 20 de agosto, quando retornava da Sibéria.

Em fevereiro, um tribunal o condenou a dois anos e meio de prisão por violar uma sentença suspensa de 2014, quando foi acusado de fraude. Promotores alegaram que ele não se apresentou regularmente à polícia em 2020 – enquanto estava em coma pela dose tóxica.

Outras torturas

O político chegou a fazer greve de fome na cadeia por falta de atendimento médico adequado após relatar dores agudas nas costas e dormência nas pernas. Conforme os advogados, Navalny recebeu o diagnóstico de duas hérnias espinhais e começou a perder e sensibilidade das mãos e dos pés.

Em seu relato, o político afirma que só lhe é permitido ir à cozinha tomar água quando as câmeras estão gravando. Navalny relatou ainda que os agentes penitenciários fritavam frango na sua frente para desencorajá-lo da greve de fome. A mídia estatal russa classificou o protesto como uma “farsa”.

A prisão e as restrições ao principal opositor de Vladimir Putin teriam como objetivo impedir os aliados de Navalny de concorrer nas eleições parlamentares de setembro. O Kremlin já determinou o fechamento de todos os escritórios gerenciados pelo político e iniciou uma campanha de perseguição a ex-funcionários.

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