O Taleban matou o líder do Estado Islâmico-Khorasan (EI-K) responsável por planejar o atentado que vitimou 170 civis e 13 soldados norte-americanos no aeroporto de Cabul no dia 26 de agosto de 2021. Embora a morte tenha ocorrido há algumas semanas, somente agora foi confirmada e revelada por autoridades dos EUA, segundo informou a rede CBS News.

A confirmação partiu do general Patrick Ryder, secretário de imprensa do Pentágono. Segundo ele, o terrorista foi morto no “início de abril” em operação realizada pelas forças do Taleban e sem qualquer participação norte-americana. Por lei, a colaboração entre os EUA e o Taleban é proibida.

Washington classificou o terrorista morto como “mentor” do ataque de 2021, mas não revelou o nome dele. “Especialistas do governo têm muita confiança de que esse indivíduo foi de fato o principal responsável” pelo ataque, disse um alto funcionário do governo cuja identidade foi mantida em sigilo.

A fonte do governo também afirmou que a morte não foi reportada pelo Taleban ao governo dos EUA. As informações sobre o ocorrido foram, sim, obtidas através da coleta de inteligência por agentes norte-americanos.

O primeiro indício de que o terrorista teria sido morto surgiu quando parentes de militares mortos no ataque começaram a receber notificações de Washington. A CBS News, então, entrou em contato com os familiares e confirmou a informação. O governo pediu que a notícia não fosse divulgada até a conclusão da entrega das notificações.

“Eles não puderam me contar nenhum detalhe da operação, mas afirmaram que suas fontes são altamente confiáveis ​​e obtiveram de várias fontes diferentes que esse indivíduo foi realmente morto”, disse Darin Hoover, pai do sargento da Marinha Taylor Hoover, uma das vítimas em Cabul.

Por que isso importa?

Embora tenha ganhado notoriedade somente após o Taleban ascender ao poder, o EI-K não é novo no cenário afegão. O grupo extremista opera no Afeganistão desde 2015 e surgiu na esteira da criação do Estado Islâmico (EI) do Iraque e da Síria. Foi formado originalmente por membros de grupos do Paquistão que migraram para fugir da crescente pressão das forças de segurança paquistanesas.

Agora que a ocupação estrangeira no Afeganistão terminou e que o antigo governo foi deposto pelo Taleban, os principais alvos do EI-K têm sido a população civil e os próprios talibãs, tratados como apóstatas pelo Khorasan, sob a acusação de que abandonaram a jihad por uma negociação diplomática.

Os ataques suicidas são a principal marca do EI-K, que habitualmente tem uma alta taxa de mortes por atentado. O mais violento de todos eles ocorreu durante a retirada de tropas dos EUA e da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), quando as bombas do grupo mataram 183 pessoas na região do aeroporto de Cabul.

Não há diferença substancial entre EI e EI-K, somente o local de origem, a região de Khorasan, originalmente parte do Irã.