Drone norte-coreano sobrevoou aérea restrita perto do gabinete presidencial em Seul

A passagem das aeronaves não-tripuladas pela fronteira gerou críticas sobre as defesas aéreas de Seul, que ocorre em um momento de crescentes ameaças nucleares e de mísseis do vizinho do norte

Um drone norte-coreano invadiu brevemente a área restrita no entorno do gabinete presidencial da Coreia do Sul na semana passada, admitiram nesta quinta-feira (5) militares sul-coreanos. As informações são do site The Defense Post.

O incidente, que havia sido anteriormente negado, ocorreu no dia 26 de dezembro. Segundo a agência de notícias sul-coreana News1, cinco drones cruzaram a linha de demarcação militar coreana e violaram o espaço aéreo de Seul, que em resposta enviou jatos e helicópteros de caça.

Depois de tentar sem sucesso abater as aeronaves não-tripuladas durante uma operação que se estendeu por cinco horas, alegando serem muito pequenas, o exército da Coreia do Sul fez um pedido de desculpas. E admitiu que a negativa anterior era falsa.

“Não é verdade que (o drone norte-coreano) não passou por Yongsan”, reconheceu o porta-voz do Estado-Maior Conjunto, Lee Sung-jun, citando um dos 25 distritos da capital sul-coreana.

Soldados sul-coreanos durante treinamento anti-drone em dezembro (Foto: South Korean Defense Ministry/Divulgação)

Além do gabinete presidencial, o Ministério da Defesa fica na mesma região invadida. Ainda assim, segundo acrescentou Sung-jun, “deixamos claro que não há problema com a segurança do escritório de Yongsan”.

Os militares sul-coreanos afirmaram na semana passada que a invasão de drones norte-coreanos não poderia ter resultado na coleta de “informações importantes” devido ao baixo nível de tecnologia disponível na Coreia do Norte.

Ouvido pela agência AFP, Yang Moo-jin, professor da Universidade de Estudos Norte-Coreanos em Seul, disse que “é preocupante que Yongsan, onde estão localizadas as principais instalações de controle de segurança da Coreia do Sul, esteja inserida no auge da tensão entre as duas Coreias”.

Ele acrescentou que a negação inicial por parte das forças sul-coreanas provavelmente também prejudicariam a confiança do público, colocando em xeque a capacidade das defesas aéreas do país.

Em meio à turbulência na região da Ásia-Pacífico, Coreia do Sul e Estados Unidos realizaram um treinamento militar conjunto no último dia 20 no espaço aéreo do país insular. Washington enviou um bombardeiro estratégico B-52H e caças furtivos F-22, enquanto Seul usou seus F-35A e caças F-15K. Os exercícios serviram para medir forças em meio a ameaças de mísseis da Coreia do Norte. 

Esses exercícios conjuntos se intensificaram sob a presidência de Yoon Suk-yeol, o que tornou ele uma uma “figura temida” no país vizinho. Para o estudioso de assuntos norte-coreanos Ahn Chan-il, também ouvido pela AFP, o drone pode ter sido enviado a Seul num voo de teste para uma futura tentativa de assassinato do líder sul-coreano.

Durante entrevista coletiva após o incidente, a assessora de imprensa do presidente sul-coreano, Kim Eun-hye, disse que Yoon pediu o rápido desenvolvimento de um sistema “destruidor de drones” e uma unidade conjunta de aeronaves não-tripuladas que possa conduzir vigilância, reconhecimento e guerra eletrônica, segundo repercutiu o site South China Morning Post.

Por que isso importa?

As tensões entre a Coreia do Norte, seus vizinhos do sul e o Ocidente cresceram no dia 8 de setembro, quando o líder norte-coreano Kim Jong-un declarou durante uma Assembleia Popular Suprema que seu país não abriria mão do armamento nuclear.

No mesmo dia, a convenção aprovou uma lei que estabelece situações em que o líder supremo de Pyongyang teria poderes para ordenar um “ataque nuclear preventivo”.

Ao lado de EUA e Japão, a Coreia do Sul tem pressionado o país vizinho a evitar a proliferação de armas nucleares e a cooperar para manter a paz e a estabilidade na região. As negociações pela desnuclearização do país, porém, estão travadas desde 2019.

A Coreia do Norte quer que os EUA e aliados suspendam as sanções econômicas impostas a seu programa de armas. Até agora, Jong-un recusou as tentativas de aproximação diplomática do líder norte-americano Joe Biden. A Casa Branca, por sua vez, diz que não fará concessões para que Pyongyang volte às negociações.

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