Austrália diz que embaixador da China vai embora no final do mandato

A saída de Cheng Jingye encerra um mandato que, nos últimos tempos, estava marcado por uma relação bilateral desgastada

O embaixador da China em Camberra, Cheng Jingye, vai deixar o posto ao fim do mandato, informou nesta quinta-feira (28) o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Austrália. A saída encerra um mandato que, nos últimos tempos, estava marcado por uma relação bilateral desgastada, informou a agência Reuters.

A ministra responsável pela pasta, Marise Payne, fez o comunicado. “Falei com o embaixador chinês há já algum tempo, o meu gabinete falou com ele na semana passada antes da sua partida iminente”, disse Payne aos parlamentares na capital do país.

Jingye chegou à Austrália em 2016, período em que a relação entre os países estava em alta, cenário diferente do atual momento. Segundo Payne, Beijing está prestes a anunciar um novo nome.

O embaixador chinês Cheng Jingye durante conferência internacional (Foto: CTBTO Photo/Sophie Paris)

A relação cordial entre os países começou a deteriorar em 2018, quando Camberra proibiu a Huawei de fornecer equipamentos para uma rede móvel 5G, citando riscos de interferência estrangeira. E teve piora em 2020, quando a Austrália cobrou uma investigação independente sobre a origem do coronavírus em Wuhan, o que despertou a ira da China.

A resposta chinesa veio em forma de imposição de tarifas sobre produtos australianos, como vinho e cevada, além de importações limitadas de carne bovina, carvão e uvas australianas. Os Estados Unidos definiram o movimento como “coação econômica”. À época, as vendas de vinho do país ao Reino Unido cresceram quase 30% depois que a China aumentou taxas de commodities australianas. O país também chegou a “desencorajar” as fábricas de roupas do país de usarem o algodão australiano.

Relações envenenadas

Um documento de 14 páginas vazado de forma deliberada pela Embaixada da China na Austrália em novembro do ano passado já apontava a grave deterioração nas relações entre os dois países. Nele, Beijing acusava o primeiro-ministro Scott Morrison de “envenenar as relações bilaterais”.

A carta ainda culpava Camberra pelos relatórios “hostis e antagônicos” sobre a China na mídia australiana independente e pelos ataques ao acordo do Cinturão da Rota da Seda no estado de Victoria, onde fica Melbourne.

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