Enquanto a China aumenta impostos e barra importações de commodities australianas, produtores de vinhos do país encontram refúgio no Reino Unido. A exportação já é a maior em dez anos, informa a BBC.
Segundo a organização setorial Wine Australia, as restrições impostas pela pandemia e o Brexit impulsionaram o aumento das vendas de vinho para os britânicos.
Para a Europa como um todo, o valor das exportações teve alta de 22% em 2020. Já os embarques dos produtos para a Grã-Bretanha registraram aumento de 29%. As vendas compensaram a queda nas exportações para a China, acentuadas desde novembro.

Naquele mês, Beijing aumentou os impostos sobre produtos australianos em 212% como resposta a tensões na relação bilateral com Camberra.
Aliado aos EUA, o governo australiano vetou a gigante de tecnologia chinesa Huawei a participar da construção de sua rede 5G no país, sob a alegação de potenciais prejuízos à segurança nacional.
O mal-estar se acentuou em abril de 2020, quando o primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, convocou uma “investigação independente” sobre a origem do novo coronavírus. Os primeiros casos foram registrados na cidade chinesa de Wuhan em janeiro daquele ano.
“Medida anti-dumping“, diz Beijing
Nos primeiros nove meses do ano, a China foi o principal destino das exportações de vinho da Austrália – quatro em cada dez garrafas produzidas no país eram vendidas para chineses. Com as tarifas, os maiores consumidores passaram a ser os britânicos.
Ao todo, o Reino Unido comprou 266 milhões de litros da bebida australiana no ano passado. O Ministério do Comércio da China alega que as tarifas são, na verdade, “medidas anti-dumping temporárias”. Elas devem vigorar por um ano, disse Beijing.
“Camberra rejeita qualquer alegação de que nossos produtores de vinho estejam despejando produtos na China”, disse o ministro da Agricultura australiano, David Littleproud.
O dumping consiste em uma diminuição excessiva de preços para inundar o mercado e inviabilizar a concorrência. É considerada uma prática anticompetitiva, que pode ensejar queixas em órgãos como a OMC (Organização Mundial do Comércio).
“Os vinhos australianos são extremamente populares na China e em todo o mundo devido à alta qualidade. Estamos confiantes de que uma investigação completa e completa irá confirmar isso”.