Ericsson ultrapassa Huawei como líder global no mercado de OpenRAN

Após longo período de protagonismo no setor, gigante chinesa caiu para a terceira posição no ranking mundial do setor

Na corrida pelo protagonismo no mercado global de OpenRAN, a Ericsson ultrapassou a Huawei em 2021, tirando a longeva liderança da gigante das telecomunicações da Ásia, conforme apontou a Mobile Experts. Segundo a empresa especializada em pesquisas de mercado, a empresa chinesa caiu duas posições, sendo superada também pela Nokia, que agora ocupa o segundo lugar. As informações são do portal de tecnologia SDxCentral.

De acordo com o analista-chefe da Mobile Experts, Joe Madden, a empresa de análise tira suas conclusões e modelo de previsão baseada em dados de mais de 100 fontes. Tais índices demonstraram que a Ericsson encerrou 2021 com uma participação de 26,9% do mercado RAN, seguida pela Nokia, com 21,9%, Huawei, com 20,4%, ZTE com 14,5% e Samsung, com 8%.

A arquitetura de rede de telecomunicações denominada OpenRAN é um movimento que busca democratizar o acesso ao mundo digital e representaria, por meio de um intercâmbio operacional de equipamentos – como torres e antenas de transmissão compartilhadas – uma libertação em relação aos gigantes estrangeiros do setor.

Empresa sueca fez investimentos bilionários e agora colhe os frutos (Foto: Kārlis Dambrāns/Flickr)

“Embora alguns dos ganhos de participação de mercado da Ericsson possam ser explicados pela geopolítica, a maior parte deve ser atribuída aos produtos e desempenho da empresa”, disse o CEO da Ericsson, Börje Ekholm, durante a teleconferência de resultados do quarto trimestre de 2021 da empresa.

A Mobile Experts prevê que o mercado de RAN, que ainda engatinha em diversas partes do mundo – incluindo o Brasil -, atinja o pico somente em 2023. Até lá, Ekholm se diz “mais otimista com a previsão de crescimento do 5G, bem como com a longevidade do ciclo de investimento”.

Hoje, a empresa de tecnologia sueca fornece equipamentos para 109 redes 5G ao vivo e tem 170 contratos de rede 5G, revela seu executivo.

“Achamos que ainda estamos relativamente cedo nos lançamentos de 5G, se você olhar para o mundo. Portanto, continuaremos a ver uma boa demanda por 5G daqui para frente”, disse Ekholm.

Ele atenta para uma nova demanda de mercado de tecnologia móvel, agora não apenas focada no consumidor. “Com o 5G, estamos abrindo um campo completamente novo ou um novo segmento, que são as empresas”, disse.

Investimento bilionário

A Ericsson investiu como nunca no mercado corporativo. A maior empreitada foi a compra no ano passado da empresa de comunicações em nuvem Vonage por US$ 6,2 bilhões, a maior aquisição de todos os tempos para a empresa, que havia pagado US$ 1,1 bilhão pela Cradlepoint, em 2020.

“Investiremos ainda mais em uma plataforma de rede global que basicamente permitirá que os provedores de serviços de comunicação, assim como nós mesmos, monetizemos os recursos da rede 5G, ou as características de desempenho ou APIs da rede 5G”, disse Ekholm.

A empresa acumulou US$ 1,1 bilhão em lucro líquido e US$ 7,7 bilhões em receita durante o trimestre, refletindo um salto de 41% ano a ano no lucro e um aumento de 2,5% na receita.

Desconfiança chinesa

A Huawei tem enfrentado uma crescente desconfiança na construção de redes 5G em todo o mundo, com a implantação rejeitada em vários países. Austrália, Nova Zelândia, Estados Unidos e Reino Unido já baniram a infraestrutura da fabricante em seu território por medo de que a China pudesse usá-la para espionagem

No 5G, que tornou-se ferramenta de pressão geopolítica, os riscos de segurança são mais elevados. Isso porque a nova tecnologia incorpora softwares responsáveis por um processamento dos dados pessoais dos clientes e outras informações confidenciais.

A decisão de utilizar ou não a Huawei nas redes móveis põe a Europa no fogo cruzado da intensa pressão dos Estados Unidos para banir o grupo. Washington alega potencial de vazamento de dados e outras brechas de segurança em benefício do governo chinês.

Por que isso importa?

OpenRAN é um movimento nascido em 2017 que busca democratizar o acesso ao mundo digital e representaria, por meio de um intercâmbio operacional de equipamentos – como torres e antenas de transmissão compartilhadas – uma libertação em relação aos gigantes estrangeiros do setor.

O futuro das redes de internet está nas redes 5G e no OpenRAN. Resumidamente, o 5G é como uma porta que dá acesso a múltiplas novas tecnologias, que precisarão de uma conexão de alta velocidade. Já o OpenRAN é como a chave para abri-la e ainda democratizar a acessibilidade.

O propósito da tecnologia é desagregar os protocolos e interfaces conhecidos para uma nova estrutura que não dependa apenas das torres e antenas das bases de rádio conhecidas – também chamadas de “caixas fechadas” por terem tecnologias próprias, ou seja, que não se comunicam com outros provedores.

A padronização e a abertura desses códigos visam inovar e acelerar ainda mais a implementação e alcance do 5G.

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