Espanha rejeita meta da Otan e se recusa a elevar gasto militar para 5% do PIB

Governo espanhol argumenta que nova meta exigira mais impostos ou cortes drásticos em áreas sociais, como aposentadorias

Às vésperas da cúpula da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), que acontece em Haia entre terça-feira (24) e quarta (25), a Espanha anunciou que não irá aderir à nova meta de gastos militares proposta pelos aliados. A decisão, comunicada pelo primeiro-ministro Pedro Sánchez, contraria o esforço liderado pelos EUA para elevar o percentual destinado à defesa para 5% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo a agência Reuters.

A proposta partiu de uma exigência direta do presidente norte-americano Donald Trump, que vem pressionando os países europeus a reforçarem seus orçamentos militares. O compromisso prevê elevar o patamar atual de 2% do PIB para 3,5%, com um adicional de 1,5% dedicado a áreas como cibersegurança e infraestrutura de transporte militar, totalizando os 5%.

Bandeiras dos países-membros da Otan na entrada do Hotel Gromada, Varsóvia, Polônia, em 24 de setembro de 2002 (Foto: The U.S. National Archives)

Durante um pronunciamento na televisão espanhola, Sánchez deixou claro que seu governo não seguirá a recomendação. “Respeitamos plenamente o desejo legítimo de outros países de aumentar seu investimento em defesa, mas nós não vamos fazer isso”, afirmou. Ele argumentou que atender à nova meta significaria cortes drásticos em áreas sociais, como aposentadorias, ou a imposição de novos impostos.

Em 2024, a Espanha destinou 1,24% do PIB ao setor de defesa, o equivalente a aproximadamente 17,2 bilhões de euros. O índice posiciona o país como o que menos investe proporcionalmente entre os membros da Otan.

Trump criticou publicamente a postura de Madri. “A Espanha tem que pagar o que todo mundo tem que pagar”, declarou, classificando o como “notórios” os baixos investimentos em defesa do país.

Para contornar o impasse e garantir uma declaração unificada na cúpula, diplomatas da Otan concordaram com um texto de compromisso, alterando a redação da meta de gastos de “nós nos comprometemos” para “os aliados se comprometem”. A mudança abriu margem para que a Espanha alegasse que a nova obrigação não se aplica a todos os membros.

Em carta enviada a Sánchez, o secretário-geral da Otan, Mark Rutte, reforçou que Madri terá “flexibilidade para determinar seu próprio caminho soberano” para atingir as metas de capacidade militar já acordadas com a aliança.

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