Nikolai Patrushev, um dos principais aliados do presidente da Rússia, Vladimir Putin, acusou os Estados Unidos e o Reino Unido de planejarem sabotagens contra cabos submarinos de internet e de desestabilizarem o comércio marítimo de energia. Ele afirmou que as potências ocidentais teriam meios e motivação para realizar operações desse tipo, visando promover interesses econômicos próprios. As informações são da revista Newsweek.
Segundo Patrushev, esses países também estariam por trás dos misteriosos ataques aos gasodutos Nord Stream em setembro de 2022, que ainda não foram totalmente esclarecidos. A Suécia concluiu uma investigação que indicava sabotagem, mas sem identificar os responsáveis. Investigações paralelas na Dinamarca e na Alemanha seguem em andamento, com mandados de prisão expedidos contra suspeitos ucranianos.
Para o aliado de Putin, as forças navais da Ucrânia não possuiriam capacidade técnica nem equipamentos para realizar uma operação de sabotagem em águas profundas. Ele defende que apenas forças especiais de países da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) teriam as qualificações e recursos necessários para ataques dessa escala, sugerindo uma atuação velada dos Estados Unidos e do Reino Unido na região.
Em sua declaração, a autoridade alertou que, no futuro, novas infraestruturas subaquáticas, como cabos de fibra óptica essenciais para a conectividade global, poderiam ser alvo de ataques. Esse tipo de ação, segundo ele, teria como objetivo semear caos nos mercados de energia e afetar o transporte marítimo.
Além dos cabos de internet, Patrushev indicou que os supostos ataques fariam parte de uma estratégia mais ampla de desestabilização, mencionando ações recentes dos EUA contra os Houthis no Golfo Pérsico que, segundo ele, acabam por desestabilizar o transporte marítimo.
A alegação do governo russo devolve uma acusação que pesa contra a própria Rússia. Em agosto, o think tank Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS) alertou que a rede de cabos submarinos de fibra óptica, que conecta digitalmente diferentes continentes, está sujeita a ataques de potências hostis. A Otan também havia alertado que Moscou poderia atacar a infraestrutura subaquática em retaliação pelo apoio do Ocidente à Ucrânia.
A presença crescente de embarcações russas perto de infraestruturas críticas de países da Otan tem gerado preocupação. Recentemente, o navio de inteligência russo Yantar foi avistado na costa da Noruega, onde estão localizados cabos submarinos e oleodutos essenciais para a comunicação e abastecimento energético da Europa.
Patrushev, que já ocupou o cargo de secretário do Conselho de Segurança da Rússia e agora preside o conselho marítimo do país, é considerado um dos principais estrategistas por trás da invasão da Ucrânia. Seus comentários reforçam o aumento das tensões entre Moscou e o Ocidente, enquanto a comunidade internacional observa a movimentação marítima russa com cautela.