O ataque terrorista a faca que matou três pessoas na Alemanha na sexta-feira passada (23), reivindicado pelo Estado Islâmico (EI), levou o governo a buscar soluções emergenciais. Um pacote de leis proposto na quinta-feira (29) prevê medidas de segurança mais rígidas e coloca na mira principalmente os imigrantes, considerando o fato de que o autor do ataque é um cidadão sírio que vivia ilegalmente no país.
Uma mudança legal prevista no pacote impõe maior controle sobre facas e similares em eventos públicos e impede que indivíduos classificados como extremistas tenham acesso a armas de fogo. A lei ainda autoriza os agentes das forças de segurança a usarem armas de choque contra suspeitos, de acordo com a agência Reuters.
O controle mais rígido sobre as armas, entretanto, não basta para satisfazer a oposição política alemã, que sob a liderança da direita local exige regras de imigração mais severas. Uma ideia que está próxima de ser colocada em prática é a redução da tolerância com cidadãos estrangeiros que tenham cometido um crime, tornando-se passíveis do que a legislação classifica como “deportação severa”.
Paralelamente, foram propostas regras mais rígidas para os casos de refugiados ou requerentes de asilo político que queiram viver no país. Eles não terão direito a qualquer benefício governamental se ficar constatado que fizeram solicitação semelhante em outro país europeu, e aqueles que retornarem à terra natal sem uma causa válida podem perder seus direitos na Alemanha.
O ataque que colocou a Alemanha em alerta para a crescente ameaça terrorista aconteceu durante um festival de rua para celebrar os 650 anos da cidade de Solingen. O autor foi identificado como Issa Al H., respeitando as leis de privacidade do país. Trata-se de um cidadão sírio que teria entrado no país sob um pedido de asilo que foi negado. Ele deveria ter sido deportado, mas conseguiu permanecer.
As forças de segurança alemãs relataram “as convicções islâmicas radicais” do acusado como motivação, enquanto o grupo extremista reivindicou o ataque dizendo se tratar de uma “vingança pelos muçulmanos na Palestina e em outros lugares”.
EUA e Europa em alerta
O atentado de Solingen ocorreu em um momento de crescente preocupação dos países europeus e dos EUA com o terrorismo islâmico. A Alemanha é uma de cinco nações do continente que haviam conseguido impedir atentados recentes, de acordo com o site independente russo Important Stories. As outras são Áustria, Espanha, França e Holanda.
Em julho de 2023, uma operação conjunta realizada pelas polícias alemã e holandesa levou à prisão de terroristas que diziam servir ao Estado Islâmico-Khorasan (EI-K), braço afegão da organização terrorista.
Os detidos já haviam feito o reconhecimento dos locais onde realizariam os ataques e foram presos quando tentavam obter as armas de que necessitavam. Eles entraram na União Europeia (UE) através da Polônia, fazendo-se passar por refugiados de guerra.
Em dezembro do ano passado, outra operação conjunta, esta realizada pelas polícias espanhola, austríaca e alemã, prendeu suspeitos de planejar ataques contra igrejas e outros estabelecimentos católicos nos três países.
O EI-K foi responsável pelo ataque mais impactante ocorrido na Europa recentemente. Quatro seguidores do grupo invadiram a casa de espetáculos Crocus City Hall em Moscou, na Rússia, no dia 22 de março, dispararam rifles automáticos e atearam fogo ao local, deixando 145 mortos.
Em entrevista à rede Fox News em abril, o general aposentado Frank McKenzie, ex-chefe do Comando Central (Centcom) das Forças Armadas norte-americanas, afirmou que a ameaça do EI “está crescendo”, e as forças de segurança deveriam esperar ações “contra o Estados Unidos, bem como contra os nossos parceiros e outras nações no exterior”.