Otan condena Belarus por possibilitar a invasão da Rússia à Ucrânia

Líder da oposição belarussa disse que Lukashenko compartilha totalmente a responsabilidade pela guerra com o presidente russo

Durante reunião da Otan (Organização do Tratado do Atlântico norte) nesta sexta-feira (25), líderes da aliança militar condenaram “nos termos mais fortes possíveis” a invasão em larga escala da Rússia à Ucrânia possibilitada por Belarus. Eles também prometeram fortalecer o flanco leste da aliança.

Na presença do secretário-geral da aliança, Jens Stoltenberg, as lideranças instaram o governo russo a interromper imediatamente a intervenção militar e retirar as forças da Ucrânia.

“Este ataque há muito planejado à Ucrânia, um país independente, pacífico e democrático, é brutal e totalmente não provocado e injustificado”, apontaram, destacando que o mundo responsabilizaria Moscou e Minsk pelos seus atos.

Encontro entre Alexander Lukashenko e Vladimir Putin em 2015 (Foto: Wikimedia Commons)

“Apelamos a todos os Estados para que condenem este ataque incondicional sem reservas. Ninguém deve ser enganado pela mentiras do governo russo”, acrescentou Stoltenberg.

A Otan também classificou a decisão do presidente russo, Vladimir Putin, em avançar com suas tropas no território ucraniano como um “terrível erro estratégico”.

“A Rússia pagará um alto preço, tanto econômica quanto politicamente, nos próximos anos”, assinalaram os líderes, prometendo “sanções maciças e sem precedentes”.

Oposição condena Lukashenko

A Embaixada Popular de Belarus no Brasil, que faz oposição ao presidente do país, Aleksander Lukashenko, declarou que condena veementemente a participação das tropas belarussas na incursão coordenada pelo Kremlin. “O povo não apoia isso. Infelizmente, pelo visto, [Lukashenko] vendeu a nossa soberania”, disse a embaixada.

Sviatlana Tsikhanouskaia, líder da oposição que foi forçada ao exílio na vizinha Lituânia após perder as eleições presidenciais com indícios de fraude que levaram Lukashenko ao sexto mandato consecutivo, disse que o líder de seu país e seu regime compartilham totalmente a responsabilidade pela guerra com o presidente russo.

“O líder ilegítimo de Belarus introduziu tropas estrangeiras e fez do nosso país um participante direto do conflito. Isso é traição, traição aos interesses do nosso povo e do Estado belarusso”.

Por que isso importa?

A escalada de tensão entre Rússia e Ucrânia, que culminou com a efetiva invasão russa ao país vizinho na quinta-feira (24), remete à anexação da Crimeia pelos russos, em 2014, e à guerra em Donbass, que começou naquele mesmo ano e se estende até hoje.

O conflito armado no leste da Ucrânia opõe o governo central às forças separatistas das autodeclaradas Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk, que formam a região de Donbass e foram oficialmente reconhecidas como territórios independentes por Moscou. Foi o suporte aos separatistas que Putin usou como argumento para justificar a invasão, classificada por ele como uma “operação militar especial”.

“Tomei a decisão de uma operação militar especial”, disse Putin pouco depois das 6h de Moscou (0h de Brasília) de quinta (24), de acordo com o site independente The Moscow Times. Cerca de 30 minutos depois, as primeira explosões foram ouvidas em Kiev, capital ucraniana, e logo em seguida em Mariupol, no leste do país, segundo a agência AFP.

Para André Luís Woloszyn, analista de assuntos estratégicos, os primeiros movimentos no campo de batalha sugerem um conflito curto. “Não há interesse em manter uma guerra prolongada”, disse o especialista, baseando seu argumento na estratégia adotada por Moscou. “Creio que a Rússia optou por uma espécie de blitzkrieg, com ataques direcionados às estruturas militares“, afirmou, referindo-se à tática de guerra relâmpago dos alemães na Segunda Guerra Mundial.

O que também tende a contribuir para um conflito de duração reduzida é a decisão da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) de não interferir militarmente. “Não creio em envolvimento de outras potências no conflito, o que poderia desencadear uma guerra mais ampla e com consequências imprevisíveis”, disse Woloszyn, que é diplomado pela Escola Superior de Guerra.

Tags: