Belarus exibe acampamento para receber mercenários russos após tentativa de motim

Militares belarussos mostraram acomodação oferecida ao Wagner Group como parte do acordo que deu fim ao motim

Nesta sexta-feira (7), o exército de Belarus revelou imagens de um campo de treinamento designado para abrigar os mercenários russos do Wagner Group. A ida dos paramilitares para lá é parte de um acordo que pôs fim a um motim fracassado que durou cerca de um dia e meio e azedou de vez as relações entre o presidente Vladimir Putin e o chefe da organização paramilitar privada, Evgeny Prigozhin. As informações são da agência Associated Press.

O major-general Leonid Kosinsky, assistente do Ministro da Defesa belarusso, país que é forte aliado de Moscou, mostrou a jornalistas internacionais o local, que é um antigo acampamento militar próximo a Tsel, localizado a aproximadamente 90 quilômetros a sudeste da capital, Minsk.

Enquanto repórteres observavam fileiras de tendas vazias, Kosinsky revelou que o acampamento, situado no distrito de Asipovichy, tem capacidade para acomodar até cinco mil soldados.

Segundo a Sirena, uma agência de notícias russa independente com foco na guerra na Ucrânia, o acampamento possui tendas com beliches e pisos de madeira. Cada uma foi projetada para acomodar até 60 pessoas e pode ser montada em menos de 30 minutos. As imagens das acomodações foram compartilhadas na conta do Telegram do veículo.

Integrante do Wagner Group em Donetsk, Ucrânia (Foto: reprodução/vk.com)

De acordo com Kosinsky, representantes organização paramilitar privada ainda não visitaram o acampamento para avaliar se atende às suas necessidades. Ele disse aos repórteres: “Quando o Wagner tomar a decisão final sobre implantação ou não em Belarus, eles poderão ver onde e como se estabelecer”.

Enquanto isso, na quinta-feira (6), o autoritário presidente belarusso Alexander Lukashenko afirmou que Prigozhin encontra-se na Rússia, de acordo com a rede Radio Free Europe. Essa situação levanta novas questões sobre o acordo que encerrou o desafiante episódio contra o Kremlin, vez que uma das condições era o exílio do empresário em Belarus.

Ainda há muitas lacunas no acordo mediado por Lukashenko, com detalhes obscuros. A questão de se a presença de Prigozhin na Rússia violaria o pacto, que permitiu a transferência do líder e seus mercenários para Belarus em troca do fim da rebelião e da promessa de anistia, permanece incerta. O que se sabe é que o exílio do empresário e de alguns de seus mercenários em Belarus foi a base do acordo costurado pelo longevo presidente belarusso.

A afirmação de Lukashenko não foi verificada de forma independente. Porém, relatos da mídia russa indicaram que Prigozhin foi recentemente visto em seus escritórios em São Petersburgo. Nesta sexta, o porta-voz de Putin, Dmitry Peskov, mais uma vez minimizou as perguntas sobre o paradeiro do empreiteiro militar e recusou-se a comentar se sua presença na Rússia violaria o acordo.

O paradeiro de Prigozhin permanece desconhecido desde que seus combatentes capturaram brevemente uma cidade no sul da Rússia e avançaram em direção a Moscou no mês passado, representando uma das maiores ameaças ao presidente Putin durante seus mais de 20 anos no poder.

Diante das preocupações levantadas sobre a possibilidade de os mercenários realizarem ataques a partir do território belarusso contra a Ucrânia, Lukashenko rejeitou essas alegações.

As tropas russas utilizaram Belarus como base antes da invasão à Ucrânia em fevereiro de 2022.

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