Belarus diz que posicionou a maior parte de seu efetivo militar na fronteira com a Ucrânia

Segundo o presidente Alexander Lukashenko, um terço de seu exército está encarregado de conter uma eventual agressão ucraniana

O presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, disse no domingo (18) que suas tropas estão em alerta máximo, com a maior parte do efetivo militar do país posicionada na região da fronteira com a Ucrânia. As informações são da agência Reuters.

De acordo com o autoritário líder, aliado do presidente russo Vladimir Putin, a medida foi adotada após as tropas da Ucrânia invadirem a região de Kursk, na Rússia, no dia 6 de agosto. Lukashenko alega que cerca de um terço de seu efetivo militar está hoje perto da divisa ucraniana para conter um eventual ataque.

“Vendo sua política agressiva, nós introduzimos lá e colocamos em certos pontos — em caso de guerra, eles seriam a defesa — nossos militares ao longo de toda a fronteira”, disse Lukashenko em entrevista à televisão estatal russa.

Lukashenko entre as bandeiras de Belarus e Rússia (Foto: kremlin.ru/WikiCommons)

O ministro da Defesa Viktor Khrenin reforçou tal argumento ao dizer, na sexta-feira (16), que considera alta a probabilidade de uma provocação armada ucraniana e que a situação na fronteira compartilhada “continua tensa”.

Kiev, porém, nega as alegações. “Como podemos ver, a retórica de Lukashenko também não muda, constantemente agravando a situação com regularidade para agradar ao país terrorista”, disse o porta-voz do serviço de fronteira ucraniano Andriy Demchenko, referindo-se à Rússia. “Não vemos nenhum aumento no número de equipamentos ou pessoal de unidades belarussas perto de nossa fronteira.”

Aliança Moscou-Minsk

A aliança entre Belarus e Rússia é anterior à invasão da Ucrânia e se fortaleceu com a guerra. O país comandado por Lukashenko permitiu que Moscou, sob o governo do aliado Putin, acumulasse tropas na região de fronteira e posteriormente usasse o território belarusso como passagem para as forças armadas russas.

A situação levou governos e entidades ocidentais a incluírem Belarus em inúmeras sanções impostas à Rússia em função da guerra, mesmo que Minsk não tenha enviado soldados para combater ao lado das tropas da nação aliada.

Mais que uma aliança, a relação é de submissão belarussa a Moscou, a ponto de o jornalista russo Konstantin Eggert a afirmar, em artigo publicado pela rede Deutsche Welle (DW) em março de 2022, que “o Kremlin vem consolidando seu controle sobre o país vizinho”. E isso, segundo ele, “aponta para o objetivo de a Rússia absorver Belarus de uma forma ou de outra, embora possa permanecer oficialmente no mapa com Lukashenko como governante.”

O próprio presidente belarusso levantou essa possibilidade em agosto de 2021, embora não tenha manifestado otimismo na conclusão do processo. “Quando falamos de integração, devemos entender claramente que isso significa integração sem nenhuma perda de Estado e soberania”, disse na ocasião.

Por sua vez, o embaixador dos EUA na Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), Michael Carpenter, afirmou em janeiro de 2023 que Belarus pode ter o mesmo destino da Ucrânia após a guerra, vez que o objetivo da Rússia é “apagar a soberania” das duas nações. Segundo ele, Putin já “deixou claro” que os países “pertencem” à Rússia.

Tags: