Concessões territoriais? Para presidente eslovaco, esta é a única solução para a paz na Ucrânia

Peter Pellegrini afirmou que a paz na Ucrânia depende de concessões territoriais, posicionando-se contra a entrada do país na Otan durante a guerra

Uma declaração feita no domingo (15) pelo presidente eslovaco, Peter Pellegrini, reacendeu o debate sobre as condições para um possível fim do conflito entre Rússia e Ucrânia. Segundo o líder, a paz só poderá ser alcançada mediante concessões mútuas, incluindo a renúncia de Kiev a parte de seus territórios atualmente ocupados. As informações são da Newsweek.

Em entrevista à emissora estatal Slovak Television and Radio, Pellegrini afirmou que “ninguém na Europa, entre as pessoas razoáveis, acredita que a paz será possível sem perdas territoriais parciais para a Ucrânia.” Sua posição alinha-se a planos discutidos por conselheiros do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, que assumirá o cargo em janeiro de 2024.

Prestes a voltar à Casa Branca, o republicano, que prometeu encerrar o conflito “em 24 horas”, estaria considerando propostas similares que incluem a renúncia de Kiev à sua candidatura à Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) em troca de um cessar-fogo.

Peter Pellegrini, presidente eslovaco (Foto: WikiCommons)

As áreas da Ucrânia sob ocupação russa incluem a Crimeia, anexada em 2014, e partes das regiões de Donetsk e Luhansk. Além disso, a Rússia mantém controle sobre outras zonas no leste e sul do país, como Kherson e partes de Zaporizhzhia.

Eslováquia: de aliada a mediadora cautelosa

A Eslováquia, historicamente apoiadora da Ucrânia, enviou mais de US$ 700 milhões em ajuda militar desde o início da invasão russa em fevereiro de 2022. No entanto, essa posição vem mudando. Sob a liderança do primeiro-ministro Robert Fico, Bratislava rejeitou recentemente um pacote de ajuda militar de US$ 43 milhões, marcando uma mudança significativa em sua política externa.

Fico, que se opõe a sanções à Rússia e ao envio de armamentos à Ucrânia, defende uma solução negociada. “Interromper imediatamente as operações militares é a melhor solução. A União Europeia deve se posicionar como pacificadora, não como fornecedora de armas”, disse ele.

Em outubro, o chefe de governo prometeu que usaria sua influência sobre o parlamento local e o poder de veto como Estado-Membro da aliança para recusar qualquer tentativa de adesão de Kiev

Pellegrini, aliado político de Fico, manifestou preocupações em relação ao uso de armas de longo alcance por Kiev, autorizado pelo presidente dos EUA, Joe Biden. Em declarações recentes, ele alertou sobre possíveis consequências para a Eslováquia, país que compartilha fronteira com a Ucrânia.

Em outubro, Pellegrini, em alinhamento com o chanceler alemão Olaf Scholz, já havia se posicionado contra a entrada imediata da Ucrânia na Otan, argumentando que essa possibilidade “não era realista” em um cenário de guerra, conforme reportado pelo Kyiv Independent.

O papel dos EUA e da OTAN

A posição dos Estados Unidos no conflito também está em transição. O governo de Donald Trump deve adotar uma abordagem mais pragmática, buscando soluções rápidas e potencialmente controversas, como a retirada da candidatura da Ucrânia à Otan.

Enquanto isso, o presidente Joe Biden, autorizou o uso de armas de longo alcance pela Ucrânia, o que tem causado preocupação entre aliados europeus. “Essas armas podem ter consequências graves para países vizinhos”, disse Pellegrini.

Do lado ucraniano, o presidente Volodymyr Zelensky continua defendendo a adesão à Otan como condição essencial para negociações com a Rússia. Ele afirmou recentemente que estaria disposto a buscar soluções diplomáticas para as áreas ocupadas em um momento posterior, desde que as fronteiras internacionalmente reconhecidas da Ucrânia fossem respeitadas.

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