Detenção de oligarca ucraniano aliado de Vladimir Putin irrita Moscou

Tido como um personagem importante, Viktor Medvedchuk pode ser fundamental para um pacto entre os países em conflito

A prisão na terça-feira (12) do oligarca ucraniano Viktor Medvedchuk, ex-líder de um partido de oposição pró-Rússia e aliado do presidente russo Vladimir Putin, causou sensações opostas: um trunfo para Kiev e um gosto amargo para Moscou. Tido como um personagem importante, ele pode ser fundamental para um pacto. As informações são da rede ABC.

Medvedchuk, que estava foragido desde que escapou da prisão domiciliar, foi detido durante uma operação especial realizada pelo Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU, da sigla em inglês). Na opinião de analistas, o magnata pode se tornar uma peça importante na mesa de negociações entre as nações em conflito para dar um fim à guerra iniciada pelo Kremlin contra o vizinho.

O presidente Volodymyr Zelensky inclusive propôs que a Rússia troque a liberdade de Medvedchuk por ucranianos mantidos em cativeiro. Ele foi mostrado algemado e vestindo o uniforme de um soldado ucraniano na terça, em foto divulgada no Twitter do líder ucraniano.

Viktor Medvedchuk foi preso na terça-feira após fugir da prisão domiciliar (Foto: Serviço de Imprensa do Serviço de Segurança do Estado da Ucrânia)

O oligarca de 67 anos havia fugido do cárcere dias antes do início da incursão das tropas russas na Ucrânia, que ocorreu no dia 24 de fevereiro. Sob acusação de traição e ajuda e cumplicidade a uma organização terrorista para mediar compras de carvão para a república de Donetsk, região separatista apoiada pela Rússia, ele pode pegar de 15 anos à prisão perpétua.

De tão próximo a Putin, acredita-se que Medvedchuk seja o padrinho da filha mais nova do mandatário russo. Sua prisão impactou de tal maneira no Kremlin que resultou em uma troca de farpas entre autoridades em Moscou e Kiev.

Um dos mais exaltados foi o ex-presidente russo e atual vice-presidente do Conselho de Segurança, Dmitry Medvedev. O político disparou ameaças às autoridades ucranianas em seu canal no Telegram, referindo-se a eles como “malucos” e deixando o alerta para “olharem cuidadosamente ao redor e trancarem firmemente as portas à noite”.

Em resposta, Mykhailo Podolyak, conselheiro de Zelensky, pegou igualmente pesado. Ele chamou Medvedev de “ninguém” e definiu suas palavras como “desagradáveis ​​e, como sempre, estúpidas”.

“As relações amistosas entre Putin e Medvedchuk o fazem dele um troféu valioso para Kiev. No Kremlin, provocam fúria e um perigoso desejo de vingança”, disse Volodymyr Fesenko, analista do Penta Center, à agência Associated Press na quarta-feira (13).

“O destino de Medvedchuk, sem dúvida, se tornará um assunto de barganha e um dos pontos dos acordos secretos entre Kiev e Moscou”, acrescentou Fesenko.

Cúmplice de Putin

Medvedchuk é o chefe do conselho político do partido pró-Rússia Plataforma de Oposição — Pela Vida da Ucrânia, o maior grupo de oposição no parlamento ucraniano. Ele é um dos 44 legisladores do poder legislativo local, que possui 450 assentos. A atividade da sua sigla foi suspensa por Zelensky durante a guerra.

“A guerra automaticamente transformou Medvedchuk em cúmplice [da Rússia], já que ele pessoalmente aconselhou Putin sobre assuntos ucranianos e influenciou direta ou indiretamente muitas das decisões do Kremlin”, disse Fesenko.

O analista acrescentou: “Zelensky não precisa mais ter cuidado e, ao prender Medvedchuk, ele quer mostrar que não tem medo do Kremlin e está pronto para barganhar, tendo cartas diferentes na mesa de negociações”.

Os mortos de Putin

Desde que assumiu o poder na Rússia, em 1999, o presidente Vladimir Putin esteve envolvido, direta ou indiretamente, ou é forte suspeito de ter relação com inúmeros eventos, que levaram a dezenas de milhares de mortes. A lista de vítimas do líder russo tem soldados, civis, dissidentes e até crianças. E vai aumentar bastante com a guerra que ele provocou na Ucrânia.

Na conta dos mortos de Putin entram a guerra devastadora na região do Cáucaso, ações fatais de suas forças especiais que resultaram em baixas civis até dentro do território russo, a queda suspeita de um avião comercial e, em 2022, a invasão à Ucrânia que colocou o mundo em alerta.

A Referência organizou alguns dos principais incidentes associados ao líder russo. Relembre os casos.

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