EUA desmantelam rede que fornecia tecnologia local para militares russos

Cinco russos e dois venezuelanos teriam armado esquema complexo para adquirir tecnologia americana com fim militar

Washington anunciou na quarta-feira (19) uma série de acusações criminais e sanções associadas a um sofisticado esquema que enviava tecnologias militares compradas de fabricantes norte-americanos a clientes russos, sendo que boa parte do equipamento foi parar no front na Ucrânia. Cinco russos e dois venezuelanos estão envolvidos. As informações são da rede alemã Deutsche Welle (DW).

A acusação foi feita por cinco promotores federais em Nova York. Segundo eles, alguns dos réus teriam usado uma empresa alemã para fazer a logística da tecnologia militar e de uso duplo, como radares, semicondutores e satélites, equipamento que pode ser usado ​​em aviões de combate, sistemas de mísseis, munições inteligentes e outras funcionalidades militares baseadas no espaço.

Em comunicado emitido na quarta, o FBI, a polícia federal dos EUA, disse que os suspeitos têm conexões com empresas de Moscou.

“Hoje anunciamos o desmantelamento de uma rede sofisticada composta de pelo menos cinco russos e dois venezuelanos, cada um deles diretamente ligado a empresas estatais corruptas, que procuraram conscientemente ocultar o roubo de tecnologia militar americana e lucrar com o petróleo do mercado negro”, disse o diretor adjunto da polícia federal dos EUA, Michael Driscoll.

Blindados das forças armadas da Rússia (Foto: reprodução/Facebook)

Lavagem de dinheiro por meio de criptomoedas, saques em massa e instituições financeiras supostamente fizeram parte do esquema, envolvendo o que o Departamento de Justiça (DoJ, da sigla em inglês) chamou de jurisdições de “alto risco”.

O DoJ ainda detalhou que os cidadãos russos acusados ​​teriam lavado dezenas de milhões de dólares para poderosos empresários russos, bem como apontou letões que teriam conspirado para contrabandear equipamentos para a Rússia e corretores de petróleo da Venezuela que teriam trabalhado em negócios ilícitos para uma empresa petrolífera estatal local.

Entre os principais nomes está o russo Yury Orekhov, preso na Alemanha. Orekhov foi diretor executivo e diretor administrativo da Nord-Deutsche Industrieanlagenbau (NDA GmbH), uma empresa privada do setor de equipamentos industriais e comércio de commodities localizada em Hamburgo. 

Segundo a agência Associated Press, Orekhov teria enviado os materiais para compradores finais russos, incluindo empresas designadas por várias agências federais, o que configura violação aos controles de exportação dos EUA. 

Se condenados, os réus podem pegar até 30 anos de prisão. 

Desespero

Relatório do Escritório da Diretora de Inteligência Nacional (ODNI) divulgado na última sexta-feira(14) diz que a Rússia perdeu mais de 6 mil equipamentos desde o início da guerra, tendo que recorrer ao Irã, como tem feito com os drones, e à Coreia do Norte para se reequipar.

Segundo o vice-secretário do Tesouro dos EUA, Wally Adeyemo, por consequência das rígidas penalidades impostas pelo Ocidente, Moscou tem se desdobrado para juntar tecnologias capazes de manter suas tropas no front de batalha. “Graças às sanções sem precedentes e controles de exportação impostos por nossa ampla coalizão de parceiros e aliados”, sublinhou.

Para Adeyemo, tais esforços estão tendo um efeito direto no campo de batalha. “O desespero da Rússia os levou a recorrer a fornecedores inferiores e equipamentos desatualizados”.

Moscou depende de máquinas de produção estrangeiras, porém, “as sanções bancárias em curso minaram a capacidade do Kremlin de obter financiamento para a importação de equipamentos militares”, acrescentou o ODNI.

 

Tags: