Exército alemão enfrenta crise de efetivo e equipamentos em meio à tensão na Europa

Faltam soldados jovens e equipamentos modernos às forças da Alemanha, apesar do aumento nos investimentos após a guerra na Ucrânia


A Alemanha, maior potência econômica da Europa, está diante de uma preocupante contradição militar: mesmo ampliando significativamente seu orçamento para a defesa após o início da guerra da Ucrânia, a Bundeswehr, as Forças Armadas alemãs, enfrenta uma grave crise. Sem conseguir atrair jovens recrutas suficientes e ainda equipada com armas obsoletas, a força militar do país diminuiu em vez de crescer em 2024. As informações são do site Politico.

Eva Högl, comissária parlamentar para as Forças Armadas, foi enfática ao divulgar o relatório anual sobre o estado das tropas: “A situação é séria”, declarou, ressaltando que os problemas vão além dos números. Em vez de avançar rumo à meta oficial de atingir 203 mil soldados até 2031, o efetivo caiu para pouco mais de 181 mil no fim do ano passado, enquanto a média de idade dos militares subiu para 34 anos.

Uniforme de militares alemães durante treinamento da Otan em 2024 (Foto: bundeswehr.de)

Mesmo o pacote bilionário especial aprovado pelo governo de Olaf Scholz após a invasão da Ucrânia pelas tropas da Rússia não foi suficiente para modernizar a Bundeswehr. O relatório revelou que faltam veículos blindados atualizados, embarcações de combate, drones e munições.

A fragilidade militar alemã surge num contexto especialmente delicado para a Europa. A incerteza quanto ao compromisso dos EUA com a segurança europeia aumentou desde a volta de Donald Trump à presidência americana, com Washington exigindo que os europeus assumam maiores responsabilidades financeiras pela própria defesa.

Essa nova realidade já levou Friedrich Merz, provável próximo chanceler alemão, a propor mudanças radicais para ampliar ainda mais o orçamento militar, rompendo com décadas de austeridade fiscal.

Para complicar ainda mais o cenário, bases militares alemãs enfrentam infraestrutura precária, acumulando um déficit de manutenção avaliado em 67 bilhões de euros. Além disso, instalações estratégicas estão cada vez mais vulneráveis a ataques de drones e sabotagem.

“Precisamos urgentemente interromper e reverter essa tendência”, disse Högl. “Ainda não estamos onde precisamos estar e ainda há muito a fazer para melhorar as condições para a Bundeswehr.”

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