Gigante petrolífera tem ativos confiscados e anuncia retirada total da Rússia

Exxon afirma que dois decretos de Vladimir Putin passaram as operações da empresa para as mãos de uma estatal russa

A gigante do petróleo norte-americana ExxonMobil anunciou na segunda-feira (17) sua retirada total da Rússia. A multinacional sediada no Texas acusa o presidente russo Vladimir Putin de ter expropriado seus ativos no país após sete meses de discussão, “encerrando unilateralmente” o projeto de petróleo Sakhalin-1. As informações são da agência Reuters.

“Com dois decretos, o governo russo encerrou unilateralmente nossos interesses em Sakhalin-1, e o projeto foi transferido para uma operadora russa”, disse uma porta-voz da Exxon.

A operadora doméstica deve ser administrada pelo grupo estatal de petróleo Rosneft, que assume o controle do projeto. 

Plataforma de petróleo no Mar Negro (Foto: Wikimedia Commons)

O episódio pode resultar em uma briga legal multibilionária da ExxonMobil com o Kremlin, já que o representante revelou que a empresa “planeja reservar seus direitos legais sob a lei internacional e seu acordo de compartilhamento de produção para buscar soluções”.

O anúncio é o mais novo ato de uma sucessão de rupturas nos laços energéticos entre Moscou e o Ocidente após a invasão da Ucrânia, comprometendo décadas de esforços de empresas dos EUA e da Europa para explorar as vastas reservas de petróleo e gás da Rússia.

Em março, pouco após o início da incursão militar, ao alegar uma resposta por conta do conflito, a Exxon disse que planejava sair progressivamente do projeto, que fica localizado no extremo leste da Rússia e ao norte do Japão, do qual controlava 30%.

As participações da Exxon em território russo foram avaliadas em mais de US$ 4 bilhões em 2021, segundo documentos da empresa. O projeto Sakhalin-1, um importante campo petroleiro que opera na Rússia em nome de um consórcio que inclui empresas locais, da Índia (ONGC Videsh) e do Japão (Sodeco) e que a Exxon administra desde 2005, gerou US$ 16 bilhões ao Kremlin, diz a própria multinacional.

Já em março de 2022, num contexto de guerra, a Exxon assumiu uma despesa de US$ 3,4 bilhões em impostos por seus ativos do Sakhalin-1. Também disse que as operações passaram a representar menos de 2% de sua produção total de 2021, ou cerca de 65 mil barris por dia (b/d), e 1% de seu lucro operacional.

O Sakhalin-1 produzia cerca de 220 mil barris de petróleo um dia antes da guerra na Ucrânia, mas a produção caiu para cerca de 10 mil b/d depois que as sanções ocidentais contra a Rússia interromperam as operações.

Segundo o jornal Financial Times, as alegações da Exxon de que a Rússia a forçou a sair do Sakhalin-1 indicam um forte impulso da multinacional para buscar recuperar suas perdas em tribunais internacionais, mesma atitude que tomou em 2007 contra o governo venezuelano após Hugo Chávez confiscar seus ativos no país.

Índia e Japão, que têm procurado manter o relacionamento energético com Moscou, devem continuar a fazer parte do projeto, como fizeram em outros campos de petróleo e gás.

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