Sueca Ikea anuncia que vai interromper suas atividades na Rússia e em Belarus

Gigante do setor de moveleiro chegou a anunciar que manteria as atividades normalmente. Após críticas, mudou o posicionamento

A Ikea, gigante sueca do setor moveleiro, anunciou que interromperá suas atividades na Rússia e em Belarus, como resultado da invasão da Ucrânia por tropas russas, ação facilitada pelo governo belarusso. As informações são do site independente The Moscow Times.

Inicialmente, a empresa afirmou que manteria suas atividades em território russo, o que levou a duras críticas na Súecia. Posteriormente, mudou de posicionamento.

“A guerra já teve um enorme impacto humano. Também está resultando em sérias interrupções na cadeia de suprimentos e nas condições comerciais. Por todas essas razões, a Ikea decidiu pausar temporariamente as operações na Rússia”, disse a empresa em comunicado.

A decisão afetará 15 mil empregados da empresa nos dois países, em 17 lojas e três fábricas. A Ikea tem forte presença no mercado de móveis da Rússia desde o ano 2000, sendo umas das maiores empresas do Ocidente em número de empregos gerados no país.

Interior de uma loja da Ikea em Bucareste, na Roménia (Foto: Wikimedia Commons)

“A guerra devastadora na Ucrânia é uma tragédia humana, e nossa mais profunda empatia e preocupação estão com as milhões de pessoas afetadas”, disse a empresa, que diz ter um plano para reduzir o impacto da decisão sobre os funcionários. “Os grupos da empresa garantirão estabilidade de emprego e renda e fornecerão apoio a eles e suas famílias na região”.

Diferente da Rússia, não há nenhuma loja da Ikea em território belarusso, onde a empresa atua apenas como fornecedora para algumas lojas. Segundo os suecos, 47 fornecedores na Rússia e dez em Belarus serão afetados pela decisão, que também interrompe as importações e exportações entre os dois países.

Por que isso importa?

A escalada de tensão entre Rússia e Ucrânia, que culminou com a efetiva invasão russa ao país vizinho no dia 24 de fevereiro, remete à anexação da Crimeia pelos russos, em 2014, e à guerra em Donbass, que começou naquele mesmo ano e se estende até hoje.

O conflito armado no leste da Ucrânia opõe o governo central às forças separatistas das autodeclaradas Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk, que formam a região de Donbass e foram oficialmente reconhecidas como territórios independentes por Moscou. Foi o suporte aos separatistas que Putin usou como argumento para justificar a invasão, classificada por ele como uma “operação militar especial”.

“Tomei a decisão de uma operação militar especial”, disse Putin pouco depois das 6h de Moscou (0h de Brasília) de 24 de fevereiro, de acordo com o site independente The Moscow Times. Cerca de 30 minutos depois, as primeira explosões foram ouvidas em Kiev, capital ucraniana, e logo em seguida em Mariupol, no leste do país, segundo a agência AFP.

Desde o início da ofensiva, as forças da Rússia caminham para tentar dominar Kiev, que tem sido alvo de constantes bombardeios. O governo da Ucrânia e as nações ocidentais acusam Moscou de atacar inclusive alvos civis, como hospitais e escolas, o que pode ser caracterizado como crime de guerra ou contra a humanidade.

Fora do campo de batalha, o cenário é desfavorável à Rússia, que tem sido alvo de todo tipo de sanções. Além das esperadas punições financeiras impostas pelas principais potencias globais, que já começaram a sufocar a economia russa, o país tem se tornado um pária global. Representantes russos têm sido proibidos de participar de grandes eventos em setores como esporte, cinema e música.

De acordo com o presidente dos EUA, Joe Biden, as punições tendem a aumentar o isolamento da Rússia no mundo. “Ele não tem ideia do que está por vir”, disse o líder norte-americano, referindo-se ao presidente russo Vladimir Putin. “Putin está agora mais isolado do mundo do que jamais esteve”.

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