Imagens de satélite mostram novas bases e mais militares russos perto da Ucrânia

Imagens atestam rumores de que a Rússia está novamente movimentando tropas e equipamentos militares na fronteira

Fotos de satélite tiradas nesta segunda-feira (1°) atestam a desconfiança de que a Rússia está novamente movimentando tropas e equipamentos militares na fronteira com a Ucrânia. As informações são do portal Politico.

As imagens obtidas pela empresa de tecnologia espacial Maxar Technologies revelam uma concentração de veículos blindados, tanques e artilharia autopropulsada, além da presença de tropas numa área próxima à cidade russa de Yelnya, nos arredores da fronteira com Belarus. A movimentação ocorre desde o final de setembro, com presença da elite do 1º Exército Blindado.

A divisão blindada “foi projetada para conduzir operações em todos os níveis de combate, desde a contra-insurgência até a guerra mecanizada”, relatou uma analista ouvida pela reportagem, que acrescentou: “Geralmente é a primeira a receber equipamentos de última geração e também é vista como a principal formação para o teste de novos equipamentos e táticas”.

1ª Divisão Blindada das Forças Armadas russas em exercício de travessia de água (Foto: Ministry of Defence of the Russian Federation/Divulgação)

Para a especialista, a implantação da base no local sugere um “desvio do padrão de treinamento habitual do 1º Exército Blindado, que normalmente ocorre em torno de Moscou”.

O mau tempo estabelecido sobre Moscou e o Ocidente ficou ainda mais nebuloso quando o presidente russo Vladimir Putin irritou-se com a as tratativas de adesão de Ucrânia e Geórgia à Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). O líder também não ficou nada contente com a visita há duas semanas do secretário de Defesa dos EUA Lloyd Austin a Tbilisi, a fim de alinhar questões de segurança e assinar a renovação de um programa de treinamento militar. Tampouco aprovou outros encontros nos países do Mar Negro, inclusive a Ucrânia.

Putin se manifestou sobre a questão de Kiev durante um discurso em Sochi, alertando que “a adesão formal à Otan pode nunca acontecer para a Ucrânia”, porém, “a expansão militar no território já está em andamento, e isso realmente representa uma ameaça para a Federação Russa”.

O Pentágono também se posicionou sobre o assunto. “Estamos cientes das atividades militares russas incomuns perto da Ucrânia, mas não podemos falar sobre as intenções russas”, disse o porta-voz do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, tenente-coronel Anton Semelroth. “Continuamos a apoiar a redução da escalada na região e uma resolução diplomática para o conflito no leste da Ucrânia. Como dissemos, nosso apoio à soberania e integridade territorial da Ucrânia é inabalável”.

Otan x Rússia

Desde que foi anunciada a suspensão da sua missão diplomática na Otan, a Rússia está travada em um conflito com a aliança militar. A relação entre o bloco e o país tem deteriorado há tempos, desde a anexação da península da Crimeia por Moscou em 2014. Há também um desalinhamento sobre questões como o desenvolvimento de mísseis nucleares russos e intrusões aéreas no espaço aéreo da aliança, fatores que contribuíram para limitar as conversas oficiais nos últimos anos.

Por que isso importa?

tensão entre Ucrânia e Rússia explodiu com a anexação da Crimeia por Moscou. Tudo começou no final de 2013, quando o então presidente da Ucrânia, o pró-Kremlin Viktor Yanukovych, se recusou a assinar um acordo que estreitaria as relações do país com a União Europeia (UE). A decisão levou a protestos em massa que culminaram com a fuga de Yanukovych para Moscou em fevereiro de 2014.

Após a fuga do presidente, grupos pró-Moscou aproveitaram o vazio no governo nacional para assumir o comando da península e declarar sua independência. Então, em março de 2014, as autoridades locais realizaram um referendo sobre a “reunificação” da Crimeia com a Rússia. A aprovação foi superior a 90%.

Após o referendo, considerado ilegal pela ONU (Organização das Nações Unidas), a Crimeia passou a se considerar território da Rússia. Entre outros, adotou o rublo russo como moeda e mudou o código dos telefones para o da Rússia.

O governo russo também apoia os separatistas ucranianos que enfrentam as forças de Kiev na região leste da Ucrânia desde abril de 2014. O conflito armado, que já matou mais de dez mil pessoas, opõe as forças separatistas das autodeclaradas Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk, com suporte militar russo, ao governo ucraniano.

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